Uruguai, maiúsculo, afasta o risco que agora assombra o México

Três meses atrás, eu achava que o Uruguai ficaria fora da Copa do Brasil. Não queria pensar muito no tema, porque sinceramente me entristecia. Uma Copa… aqui… sem o Uruguai?? Não, não podia ser. O protagonista do Maracanazo simplesmente não podia ficar de fora.

Mas quando o Uruguai perdeu do Chile, em março, e a Venezuela ganhou da forte Colômbia, a Celeste ficou para trás. E a tabela, com jogos fora contra Venezuela, Peru, Equador, duelos contra as líderes Argentina e Colômbia. É, estava difícil.

Mas o Uruguai foi muito grande. Em junho, ganhou na Venezuela. E, nesta madrugada de sexta para sábado, ganhou no Peru. Com autoridade, com dois de Luiz Suárez, com muita raça, muito carrinho, muita bunda suja, muita força mental. É importante salientar que, se o Uruguai tivesse perdido esses jogos, estaria virtualmente fora do Mundial. Foi lá e ganhou. Na hora que precisou, ganhou. Como sempre.

O Uruguai está em quinto nas eliminatórias, com 19 pontos e três jogos a fazer (Colômbia, terça, em Montevidéu, depois Equador, na altitude de Quito, e Argentina, em casa). São três pedreiras, é verdade. Mas a Venezuela, com 16 pontos, só joga mais duas vezes (Peru e Paraguai em casa). Sim, é fato, a Venezuela pode ganhar as duas e acabar com 22 pontos. Nesse caso, o Uruguai teria de fazer quatro pontos dos nove que tem pela frente. Já vimos que, na hora H, a Celeste é muito Celeste.

Só de ver essa lista de jogos restantes dá para entender o tamanho do risco que o Uruguai estaria correndo, não tivesse vencido essas duas partidas fora de casa.

O Equador, com 21 pontos, pega Bolívia e Chile fora, além de receber o Uruguai. A distância é só de dois pontos, mas acho muito difícil que os equatorianos percam essa vaga direta na Copa do Mundo. Se acabar em quinto, o Uruguai ainda vai ter de disputar a repescagem, possivelmente contra o Uzbequistão. Moleza? No papel, sim. Na prática, nunca é. "A chave é conter a euforia", diria o comentarista de frases feitas. Euforia? Isso não existe para o Uruguai.

O que existe é vontade. Uma vontade única, talvez inigualável, de representar essa nação tão aguerrida e simpática.

Se o Uruguai diminuiu muito o risco de tragédia, o mesmo não se pode falar do México. Que está conseguindo sofrer na baba que é a eliminatória da Concacaf. Na história, só três vezes o México disputou eliminatórias e ficou fora da Copa do Mundo, a última delas em 1982. Na história, só três vezes o México perdeu jogos oficiais em seu território. Nesta madrugada, foi uma delas. 2 a 1 para Honduras, de virada.

Nos primeiros seis jogos do hexagonal da Concacaf, o México não havia perdido nenhuma, mas dava para ver que havia algo errado com apenas uma vitória na tabela. Na Copa das Confederações, em junho, não mostrou a que veio. Agora, o fundo do poço com a derrota e as vaias no Azteca.

Costa Rica, com 14 pontos, e Estados Unidos, com 13, estão virtualmente classificados para a Copa do Mundo. Basta uma vitória nas três rodadas restantes para a vaga ser matemática. Aí aparece Honduras, com 10 pontos, o México com 8 e o Panamá com 7. Para a sorte dos mexicanos, o Panamá não saiu do zero com a lanterna Jamaica, em casa.

Na terça-feira, o México visita os Estados Unidos. O normal é que perca. E Honduras recebe o Panamá, o normal é que ganhe. Se isso acontecer, o México ficará 5 pontos atrás de Honduras, com 6 a jogar. Ou seja. É batalhar para ficar em quarto lugar e pegar, pelo menos, repescagem. Que seria em ida e volta com a Nova Zelândia, uma seleção fraca, mas não mais fraca do que Honduras ou Panamá…

O México conseguiu se complicar de vez, talvez de maneira irreversível. Um ano depois de ganhar a medalha de ouro olímpica! Beira o inacreditável.

Enquanto uns grandes mostram por que são grandes, outros mostram que, na verdade, chamar de grande é um elogio e tanto…