Papo com Robinho: Salário não é problema, Santos que se acerte com o Milan
O problema é a pedida salarial de Robinho, diz o Santos. O problema é a questão financeira entre os clubes, fala Robinho.
Este blogueiro conversou na noite de terça-feira com Robinho por telefone. No meio de tantas notícias publicadas em função do que o clube fala, eu estava sentindo falta de ouvir o personagem central de tudo isso. E a impressão que ficou é que o jogador está contente e satisfeito no Milan. Também ficaria feliz em voltar ao Santos. É o famoso "tanto faz".
Robinho não transpareceu uma vontade obsessiva de voltar para o futebol brasileiro, não parece estar disposto a fazer grandes sacrifícios, forçar a barra com os italianos. E olha que Robinho já viveu essas situações! Forçou para deixar o Santos, depois para deixar o Real Madrid, depois para deixar o Manchester City. Eu conheci bem o Robinho "louco para sair". E ele não falava como falou o Robinho de ontem. Esse me pareceu um jogador maduro e tranquilo em relação ao que vier a acontecer.
Seria legal voltar. Seria igualmente legal ficar e brigar por uma posição entre os titulares do Milan, onde começou os treinos de pré-temporada nessa semana.
A entrevista completa, um jogo rápido de 5 minutos, é esta abaixo.
A conclusão deste blog: o Santos não terá vida fácil para trazê-lo de volta. É negociação pura. Matemática. Não vai adiantar qualquer apelo emocional. O coração não está em campo desta vez…
Julio Gomes – Em que pé está tua situação no Milan? A vontade é ficar, sair para o Santos ou sair para qualquer outro clube?
Robinho – Eu não tenho nada para reclamar daqui. Se tiver que sair do Milan, seria para voltar para casa mesmo, não tenho nenhum motivo para sair daqui e ir para outro clube. Se os clubes se acertarem e não tiver polêmica nenhuma para sair, ótimo. Se os clubes não se acertarem, eu fico no Milan, que é um lugar excelente.
JG – Os dirigentes do Milan te perguntaram o que você quer fazer? O que te falaram?
R – Me perguntaram, me perguntaram e eu deixei na mão deles. Deixei na mão deles. Falei para o presidente, não tenho do que reclamar do clube. O treinador (Allegri) me trata super bem, fala que só depende de mim esse ano para eu ser titular. Os diretores me dão moral. A temporada passada foi complicada, me machuquei. Essa temporada estou me cuidando para jogar o máximo de partidas possível, para manter um ritmo bom. Tenho um ótimo relacionamento com o treinador, nada a reclamar por aqui. Mas se os clubes se acertarem…
JG – Você falou para eles algo do tipo. Se for para ir para o Santos, vocês decidem se querem que eu fique ou saia. Se for para outro clube, não saio, quero ficar. Foi mais ou menos isso?
R – Exatamente, exatamente isso.
JG – O Santos alega que você está pedindo muito e isso está dificultando a negociação…
R – Eles conversaram com meu pai, com minha advogada. Eles já sabem o que têm que me pagar, os valores eles já sabem. Mas a questão principal é Milan e Santos, não é Robinho e Santos, não. É entre os clubes, mesmo. Comigo não haverá problema.
JG – Disputar mais uma Copa do Mundo é a principal motivação para voltar?
R – Voltando para o Brasil ou não, a gente sempre pensa na seleção. É sempre meu objetivo. Voltando agora ou não, vou trabalhar pensando na seleção.
JG – Com o título da Copa das Confederações, grupo mais ou menos definido pelo Felipão, parece que vai ficando mais difícil…
R – Seleção está sempre aberta. Quem estiver bem no momento, tem que ir e pronto.
JG – Você tem acompanhado o Santos, essa nova garotada que está subindo para o time principal?
R – Acompanho de longe. Está melhorando, né? Ganhou o clássico, parece que a coisa está melhorando. Eu já vi essa molecada nova jogar, são bons pra caramba. Tem que dar uma lapidada, mas são bons jogadores.
JG – Você se vê como líder de um processo de renovação no Santos? Se voltar, o que visualiza para você dentro do clube?
R – Sempre me dei super bem no Santos, não tem que mudar muito. Vou chegar para ajudar, se eu voltar… mas não gosto de falar muito disso. Deixa esperar para ver no que vai dar. Se voltar, é ajudar o grupo, os moleques que estão subindo. O Santos é um clube que eu conheço como a palma da minha mão, joguei bastante tempo na carreira. Então não tem que mudar muito.
JG – O Neymar chega à Europa em situação semelhante à tua, oito anos atrás. Jovem, despontou, ganhou título grande no Brasil e chega já conhecido. Só muda o clube, Barcelona em vez do Real. Que tipo de conselho você daria para ele?
R – O Neymar está bem encaminhado, indo para um time muito bom. Falar espanhol não é tão difícil, você sabe bem disso. Não tem muito o que falar para ele. É procurar fazer as mesmas coisas que fazia no Santos, tenho certeza que vai arrebentar. Atenção no vestiário, porque lá o pessoal não é tão bagunceiro que nem brasileiro. Mas ele vai se acostumar rápido.
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