Vaias ao francês do salto com vara na entrega de medalhas foram ridículas
Depois da vitória de Thiago Braz no salto com vara, na noite de segunda-feira, o francês Renaud Lavillenie fez duras críticas à torcida brasileira, que vaiou seu último salto. Ele fez sinal de negativo antes de partir com a vara. A pressão entrou em sua cabeça. Errou. O recordista mundial e campeão em Londres-2012 precisou se contentar com a prata. Não respeitou o adversário que tinha pela frente.
Critiquei aqui no blog Lavillenie pelo mimimi, pela atitude.
Percebi ao longo do dia que muitas pessoas concordaram com meu ponto de vista. Li também outros pontos de vista, que respeito, especialmente de um grande amigo que disse:
"Torcer é algo que deve ser positivo. É a tua maneira de ajudar atletas. Vaiar é apenas uma expressão de intenções negativas para destruir o oponente. Esporte não é guerra, ainda mais em Olimpíadas. Desculpar a atitude do público dizendo que em outros países se faz o mesmo não é um argumento válido. Errado não vira certo só porque todos estão fazendo errado".
Respeito muito o ponto de vista. Apenas não concordo com ele no caso específico da prova do salto com vara. É uma torcida pelo ouro, pelo atleta da casa, no calor da competição. É um estádio! Esporte não é guerra. Mas não considero o que foi feito no Engenhão algo próximo de uma guerra.
De qualquer maneira, todos tiveram horas para esfriar a cabeça.
A organização dos Jogos pediu desculpas ao francês pelo comportamento do público, que, quer queira quer não, certo ou errado, não é o de costume em provas de atletismo pelo mundo. Lavillenie pediu desculpas pelo exagero em suas críticas, por ter comparado (absurdamente) as vaias às recebidas por Jesse Owens pelos nazistas em 1936.
E eis que chegamos à hora do pódio, na noite de terça, no Engenhão.
E, no momento da entrega da medalha de prata ao francês, uma sonora vaia ecoou no Estádio Olímpico do Rio. Thiago Braz, que está longe de ser amigo do francês, fez um gesto de incredulidade, tentou consertar tudo pedindo aplausos. Funcionou mais ou menos, mas já era tarde.
Um absurdo completo. Um ridículo. A primeira vez na Olimpíada que senti vergonha do público brasileiro.
Foi um dia difícil para o Brasil. Boas notícias com o ouro no boxe e a prata na canoagem, ambas medalhas inéditas, de baianos resgatados do nada para brilhar no esporte. Heróis. Mas muitas más notícias também, com as derrotas das mulheres do vôlei, do handebol, do futebol, de Fabiana Murer, com o amargo quarto lugar de Scheidt na vela.
Nenhuma má notícia, no entanto, se compara com o que foi feito no Engenhão. Aquela sim, a pior das notícias.
Fizemos um atleta chorar. "Nunca pensei que me sentiria humilhado em um pódio olímpico", lamentou-se Lavillenie no Facebook.
Feio. Muito mais feio do que as notícias de assaltos, a piscina verde ou as filas. Foi a pior derrota do Brasil na Olimpíada até agora.
O francês foi ridículo no calor da competição, segunda. O público foi ridículo no dia seguinte. De cabeça fria, o que é até pior.
Que pena.
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