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Julio Gomes

Time ideal dos anos 10: quem acompanha Messi e Cristiano Ronaldo?

Julio Gomes

31/12/2019 06h00

Eu sei, eu sei, eu sei. A década ainda não acabou, é só no fim do ano que vem. Mas que tal um time ideal dos anos 10? Que estranho, "anos 10" nos faz lembrar de avós e bisavós. Mas é o que vivemos.

Tivemos muito futebol entre 1/1/10 e 31/12/19. O futebol reencontrou parte da magia perdida, consolidou-se um gênio entre os técnicos, Pep Guardiola, que fez outros tantos subirem o nível. E outros dois gênios, Messi e Cristiano Ronaldo, mantiveram-se em um patamar estratosférico.

Nenhuma pessoa que faça um time ideal da década pode deixar Messi ou Cristiano Ronaldo de fora. Os outros 9? Sempre discutíveis.

Eu acho que Sergio Ramos e Andrés Iniesta devem ser unanimidade em qualquer time que se monte. Mas o resto, definitivamente, gera debate.

Até como uma homenagem a Messi e Cristiano Ronaldo, montei meu time ideal dos anos 10 com somente dois atacantes. São só eles. Ninguém merece estar do lado deles. Ninguém é tão melhor que os outros a ponto de ser montado um trio. Não, não. São só eles.

Não montei um time simplesmente com os melhores, mas um time que eu consigo imaginar jogando e que alimentaria os dois ETs até cansarem de fazer gols. Que seria, de fato, a máquina da década. Aqui vai meu time ideal dos "anos 10":

Neuer; Daniel Alves, Sérgio Ramos, Godín e Marcelo; Kanté, Xavi, Iniesta e Kroos; Messi e Cristiano Ronaldo.

Para alimentar a dupla na frente, dois laterais ultra ofensivos, que na verdade sempre foram construtores/atacantes e com ótimo entrosamento com ambos – aliás, talvez os melhores parceiros de ambos. Daniel Alves, Xavi e Messi, de um lado do campo, o trio que tantas glórias deu ao Barcelona. Marcelo, Kroos e Cristiano Ronaldo, do outro lado, o trio que tantas glórias deu ao Real Madrid.

Iniesta pode bailar por este meio de campo fazendo o que quiser.

E a presença de Kanté, que eu sei que será criticada, é minha homenagem a tantas coisas. Homenagem aos carregadores de piano que permitem a tanta gente jogar bola, homenagem ao conto de fadas do Leicester-2016, talvez maior zebra da história do futebol mundial, homenagem ao título mundial francês no ano passado. Alguém precisa fazer o trabalho sujo! Eu escolho o pequenino Kanté.

Neuer é o goleiro da Copa de 2014, do Bayern de 2013, um monstro que só foi parado por lesões. Ramos dispensa comentários, e Godín, um zagueiraço. é minha homenagem ao Atlético de Madrid de Simeone, um dos times da década, e ao renascimento uruguaio no futebol mundial.

Meu time A contempla as Copas de 10, 14 e 18, vencidas por Espanha, Alemanha e França. Contempla as Euros de 12 e 16, vencidas por Espanha e Portugal. É baseado em Bayern, Barça e Real, os três clubes da década na Europa, mas não se esquece de Atlético e Leicester, que ousaram enfrentar o sistema.

Mas é claro que eu fiz também um segundo time, não poderia resistir à tentação. O time B dos anos 10. Lá vai:

Buffon; Lahm, Van Dijk, Piqué e Filipe Luís; Vidal, Modric, De Bruyne e Neymar; Suárez e Lewandowski.

Aqui, me vi obrigado a jogar com dois centroavantes, porque Suárez e Lewandowski foram excepcionais demais para que só um jogasse. Vamos lembrar do que Suárez fez ainda no Liverpool antes de chegar ao Barça, vamos lembrar do título uruguaio da Copa América 2011, vamos lembrar do Borussia Dortmund finalista de Champions, do crescimento da Polônia no cenário europeu.

Daria para tirar um deles e colocar Griezmann? Daria. Eu prefiro Suárez e Lewandowski.

Neymar poderia estar no primeiro time, mas já expliquei por que preferi somente uma dupla de ataque e privilegiar os meio-campistas que tanto jogaram ao longo do ano. Neymar poderia e deveria ter feito mais com a seleção, mas ainda assim ganhou Copa América e ouro olímpico, além da Libertadores com o Santos e a Champions com o Barça em 2015 sendo protagonista. Não é pouco.

Vidal ou Pirlo no meio? Fiquei na dúvida. Mas não poderia ignorar as duas Copas Américas do Chile, e um time com Neymar e dois centroavantes certamente precisa de um apoio defensivo :-).

Modric foi importantíssimo no Real Madrid e na Croácia-18, De Bruyne foi um monstro nestes anos todos com o City e a Bélgica, uma seleção que não poderia ficar sem representantes. Como não poderia ficar sem representantes a Juventus, tão dominante na Itália, ou o Liverpool, o time mais forte deste final de anos 10. Buffon e Van Dijk foram extraordinários capitaneando a Juve e os Reds.

Lahm, um baixinho-gigante, poderia estar no primeiro time, mas verdadeiramente creio que Daniel Alves foi melhor no auge. Filipe Luís jogou demais pelo Atlético e ainda voltou ao Brasil para fazer parte de um Flamengo histórico, é outro que poderia estar no primeiro time. É um lateral tático, mais defensivo, muito importante no futebol de hoje em dia. Até por isso é mais difícil achar laterais marcantes na década.

Quero deixar aqui algumas menções honrosas por posição, 28 no total, para chegarmos a um total de 50 jogadores.

Caras que foram muito bem em determinados momentos ou mesmo que mostraram consistência ao longo dos anos 10, que estiveram em grandes finais, que levantaram canecos importantes, que poderiam estar tanto no primeiro quanto no segundo times que listei acima. Questão de gosto!

Goleiros: Casillas, Alisson, Navas, Courtois;

Zagueiros: Chiellini, Thiago Silva, Kompany, Mascherano;

Centro-campistas: Pirlo, Schweinsteiger, Busquets, Pogba, David Silva, Hazard, Di María;

"Pontas": Ribéry, Robben, Bale, Salah, Mbappé;

Atacantes: Griezmann, Ibrahimovic, Muller, David Villa, Aguero, Kane, Rooney, Van Persie.

Deve faltar gente, estarei cometendo injustiças, sem dúvida. Vocês me ajudam a corrigi-las nos comentários? De bate pronto, aviso que pensei em Eto'o, mas creio que o auge dele, assim como de outros, foi na década passada. Também pensei em Mané, do Liverpool, mas faltou espaço!

Coloquei dois brasileiros no time A, dois no time B, outros dois foram citados acima. Não à toa, cinco dos seis são defensivos. A marca do futebol brasileiro nestes anos 10 contrariou o que vimos ao longo da história: os destaques não foram meias e atacantes.

Júlio César e Maicon poderiam ser citados pelo início da década, assim como Cássio, símbolo da década mais vitoriosa do Corinthians. Casemiro entrou e saiu da minha lista, foi enorme no Real Madrid, Miranda foi consistente no Atlético, Robinho, no Milan e no Santos, ainda teve impacto maior do que muitos gostam de admitir, Dudu e Éverton Ribeiro teriam de aparecer em uma lista brasileira dos "anos 10". Mas creio que nenhum deles tem espaço entre os 50 melhores do mundo.

Entre os técnicos, a década foi de Guardiola, mas não podemos ignorar Mourinho, Klopp, Simeone, Joachim Low e Zidane. Sobre os professores, falarei em outro post.

Feliz 2020! E que seja um grande ano de futebol para todos nós. Obrigado a tod@s, que tiveram muita paciência para acompanhar este escriba. Obrigado pelos elogios, pelas críticas, e seguimos juntos em mais um ano neste espaço super nobre que é o do UOL Esporte. Será o oitavo! Que venham tantos mais.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.