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Julio Gomes

Segundo 0 a 0 do século é um retrato dos atuais Barça e Real Madrid

Julio Gomes

18/12/2019 17h58

Barcelona e Real Madrid fizeram um jogo bem jogado, mas com poucas emoções. Como dizem na Espanha, falta "chispa" a esses times. É o primeiro 0 a 0 no superclássico desde novembro de 2002 – foram 49 jogos seguidos entre os gigantes com pelo menos um gol marcado desde então até hoje. No século, foram só dois 0 a 0 em 56 duelos.

O Barcelona tem Messi, é verdade, mas é um time que chega a ser sonolento em vários momentos. Se Messi não resolve colocar a bola embaixo do braço, e hoje não resolveu, o Barça parece que não anda. Nesta quarta, no clássico, foi pior que o Real Madrid o tempo o todo e cometeu somente quatro faltas. Isso não mostra fair play, mostra passividade.

O Real Madrid de Zidane é, no momento, um time mais promissor que o Barcelona. Hoje, no Camp Nou, teve o total domínio no meio de campo, com Casemiro, Kroos, Isco e esse Valverde, que joga cada vez melhor.

Não ganhou o clássico porque o gol marcado por Bale, já no segundo tempo, foi originado em um lance de impedimento milimétrico de Mendy. E porque Ter Stegen fez um ótimo jogo. Alguém dirá que não ganhou porque falta um talento fora de série.

Quem tem Messi, pode chegar a qualquer lugar. O Barça pode ganhar o Espanhol de novo, pode ganhar a Champions, até. Mas o Barça de Valverde é isso: Messi. O Real Madrid joga cada vez melhor coletivamente, mas não tem nada parecido com um Messi.

Os dois seguem iguais na classificação do campeonato, com sete pontos de vantagem para o Atlético de Madrid, que deveria estar firme nessa briga, não fosse o time que mais empatou na Liga espanhola. Pelo jogo de hoje e o que têm mostrado nas últimas semanas, o Real Madrid é um time mais confiável que o Barcelona.

Mas nenhum dos dois está em um nível invejável.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.