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Julio Gomes

Humilhação flamenguista e a dificuldade de saber perder

Julio Gomes

01/12/2019 17h53

Saber perder. Está aí uma arte difícil de aprender. No Brasil, então…

Perder, fracassar ou simplesmente não ser o melhor não é crime. Em regra, o que se faz aqui é encontrar desculpas e justificativas. Encontrar culpados. Raramente olhamos para o próprio umbigo.

Ser pior que o outro não é vergonha. Vergonha é não tentar, não buscar, não fazer o melhor. Será que o time do Palmeiras é mesmo sem vergonha, como cantou parte da torcida no Allianz?

Eu não acho.

Parte da comunidade palmeirense, e isso infelizmente inclui dirigentes importantes, está se tornando má perdedora de marca maior.

Se o Palmeiras perde ou o time é sem vergonha ou existe uma grande conspiração. É uma mania de perseguição que beira o insuportável.

Difícil mesmo é admitir que o trabalho do outro foi melhor.

Entre a final do Paulista que nunca acabou, o mimimi do presidente por causa de um ou outro erro de arbitragem no Brasileirão, o silêncio diante da ridícula proibição do MP de proibir a torcida flamenguista no Allianz, o Palmeiras vai se apequenando.

É preciso chamar Zé Roberto para que ele entre na sala do conselho ou da presidência e faça o mesmo que fez no vestiário uns anos atrás. "Bata no peito e grite comigo: o Palmeiras é grande".

Porque o Palmeiras é grande. Pequenas são algumas pessoas com voz no clube. nos bastidores e nas arquibancadas.

O Flamengo humilhou o Palmeiras em campo (duas vezes) porque é melhor, porque foi melhor nas contratações e porque leva todos os jogos a sério mesmo com o título garantido. Humilha sem arrogância.

O humilhado precisa chorar menos, xingar menos, ver menos fantasmas e trabalhar mais.

O torcedor é passional, até dá para perdoar a frustração. O problema é dirigente agir como torcedor. É preciso mais profissionalismo no futebol do Palmeiras e mais grandeza na hora da derrota.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.