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Julio Gomes

Flamengo deveria peitar o sistema e dar WO no domingo

Julio Gomes

30/11/2019 05h40

Palmeiras x Flamengo poderia ser decisão de campeonato – passou longe. Poderia ser o jogo para o Flamengo passar o carro sobre o Palmeiras e mostrar quem é melhor. Ou o jogo para o Palmeiras vencer e reivindicar o equilíbrio entre as forças dominantes do país. Poderia ser um monte de coisa. Ainda pode. Mas, pelo jeito, Palmeiras x Flamengo será o jogo do fracasso.

O fracasso do poder público, incapaz de educar, incapaz de promover a paz, incapaz de desafiar as máfias que são as torcidas organizadas, incapaz de encontrar soluções para os estádios, incapaz de entender o que é o futebol. O fracasso dos dirigentes, coniventes com tudo isso, cúmplices dos torcedores violentos.

Palmeiras x Flamengo poderia ser um monte de coisa. Mas, na real, Palmeiras x Flamengo nem deveria ser.

O Flamengo é sua torcida, a torcida é o Flamengo. Se não tem torcida, não tem Flamengo.

O gigantesco Flamengo tem a chance de desafiar o status quo, peitar o sistema. Diante da absurda decisão do Ministério Público paulista, com anuência da CBF e o silêncio ensurdecedor do Palmeiras, por que jogar? Para que entrar em campo?

Muita gente fala de mandar a equipe sub-20 ou algo do tipo. Eu vou mais longe. O Flamengo deveria dar WO. Simplesmente não entrar em campo, dar um basta a estas decisões preguiçosas de pessoas que são incapazes de fazer o próprio trabalho. O MP deveria estar preocupado com soluções para o problema da violência dos estádios. Soluções de verdade, não a muletinha patética da torcida única.

O Flamengo já bateu os recordes do Brasileiro, é o melhor time montado aqui neste século, não tem nada o que provar, não precisa se submeter. Não ir a campo é a decisão mais corajosa neste cenário, a decisão que jogará luz sobre o absurdo da incompetência.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.