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Julio Gomes

Sampaoli mostra a Felipe Melo que o mundo dá voltas

Julio Gomes

09/10/2019 23h22

Jorge Sampaoli deu um banho em Mano Menezes, o Santos deu um banho no Palmeiras.

Fez uma primeira metade de primeiro tempo excepcional, abriu 2 a 0 e poderia ter feito mais. Depois, dominou o jogo. Controlou a bola, controlou a velocidade do jogo, determinou até mesmo em que momento o Palmeiras podia ou não atacar.

Impossível não lembrar de Felipe Melo mandando o tradicional "ganhou o quê?", sobre Sampaoli. O "joga legal, mas levou de 4".

Respeito muito quem não goste da instabilidade de times que jogam de forma mais ousada e agressiva. Porque times que arriscam mais estão sujeitos a isso. Em um dia que as coisas não encaixam, vão levar de 4. Tem gente que acha que time grande não tem o direito de jogos assim. Se perder, que perca de pouco, com dignidade.

Eu sou mais afeito do risco, da coragem. Há coisas maiores do que três pontos nessa vida. Há a lealdade aos princípios.

Sampaoli é leal a seus princípios. E faz com que um time como este, do Santos, esteja na segunda posição do campeonato. No começo do ano, o Santos era candidato a quê?? A absolutamente nada.

Perdeu a chance de jogar a final do Paulista nos pênaltis, em um jogo que deveria ter goleado o Corinthians. E, no campeonato em que regularidade vale mais, ou seja, tropeços são dissipados na tabela, está em segundo lugar, atrás apenas de quem é francamente melhor, à frente de elencos e orçamentos maiores.

Sampaoli ganhou o quê com o Santos? Nada.

E o Palmeiras, em 2019? Nada.

Sampaoli e Felipe Melo estão quites. Um baile no primeiro turno. Outro no segundo. Não sei se Felipe Melo é da turma de terra-planistas, mas hoje ele aprendeu que o mundo dá voltas.

Olhando para o que cada um pode ou poderia fazer, eu tiro meu chapéu para o Santos de Sampaoli. E não para o Palmeiras.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.