Fla x Grêmio. Porque nem sempre resultadismo supera desempenho
Flamengo x Inter, Grêmio x Palmeiras. Os duelos brasileiros na Libertadores mostraram o já esperado choque de estilos.
De um lado, times que gostam da bola, da imposição técnica, buscam a vitória atacando. Do outro lado, times que não querem muita coisa com a bola, buscam a imposição física, buscam a vitória se defendendo, contando com o erro do adversário, procurando alguma transição rápida para machucar.
Os jogos não tiveram a mesma história. Os confrontos, no entanto, tiveram o mesmo final. Passaram os melhores times, os que podem se orgulhar de jogar um futebol bacana de ser visto.
Passamos a vida sob a dicotomia 82 versus 94. Desempenho versus resultado. Jogar bonito e perder, jogar feio e ganhar. Como se só fosse possível ganhar jogando feio, como se só fosse possível jogar bonito com derrota e frustração no final.
Até hoje, aproveita-se qualquer oportunidade para defender o resultadismo. E o resultadismo, diga-se, está enraizado na sociedade brasileira. Não importa muito o "meio", apenas o "fim". Não importa muito como chegar lá. No futebol, isso é explícito e falado abertamente, em um misto de amadorismo, orgulho, ignorância.
O que valem são os três pontos. O segundo é o primeiro dos últimos. Futebol é bola na rede. Uma série de frases prontas, que, enfim, criam uma cultura.
É claro que, em competições esportivas – futebol é esporte, não entretenimento, sempre bom lembrar -, é lícito ter a vitória como um fim absoluto. Mas ignorar o caminho é desprezar trabalho, esforço, métodos, estudos, ideias e ideais, parceiros e cúmplices.
Quando times que jogam um futebol simplório ganham, nos apressamos em lembrar as frases acima e louvar "as várias maneiras de se vencer um jogo".
Mas onde estão os resultadistas quando os resultados não vêm? Porque tem esse lado da moeda também, melhor não esquecer. O futebol de resultados não desperta paixões, não fica na memória. Quando o resultado vem, o torcedor aplaude, o dirigente paga bicho e dá tapinha nas costas. Quando o resultado não vem, não haverá ninguém ao lado.
O resultadismo é inimigo da coragem. Porque coragem é sinônimo de risco. E risco não combina com resultados, principalmente os magrinhos.
Coragem é o que sobra em caras como Renato Gaúcho, Jorge Jesus, Jorge Sampaoli, Rogério Ceni, Fernando Diniz.
Coragem sem competência não vai servir para muita coisa. Mas coragem é o elemento desaparecido do futebol brasileiro deste século. E que agora vai sendo resgatado. A coragem incomoda, mexe com o status quo, incomoda o conservadorismo que reina.
Onde estão os resultadistas quando o Flamengo elimina o Inter? Quando o Grêmio ganha do Palmeiras? Quando Flamengo e Santos ocupam as duas primeiras posições do Brasileirão??
Eu sou da turma que prefere ver desempenho. Que prefere ver times buscando seu destino com método, coragem, ofensividade, times que jogam o jogo, não que negam o jogo. Desempenho é, também, o caminho mais curto para o resultado, ainda que mais sofisticado e trabalhoso.
O Flamengo deste segundo semestre e o Grêmio, em vários momentos de 2016 para cá, jogam o jogo. O jogo jogado. Gostam da bola. E, com todo respeito a todo mundo, não dá para gostar de futebol sem gostar da bola.
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