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Julio Gomes

Alisson deveria ganhar a Bola de Ouro

Julio Gomes

08/07/2019 05h00

A Copa América, com um gol sofrido em seis jogos – e de pênalti – é a cereja do bolo. Alisson deveria ser o primeiro goleiro desde 1963 agraciado com a Bola de Ouro.

Naquele ano, o russo Lev Yashin ficou com o prêmio de melhor da Europa. Décadas depois, a France Football faria uma reavaliação, incluindo jogadores não-europeus nos prêmios até 1995. E quem seria o Bola de Ouro em 63 seria Pelé, desbancando Yashin.

Pois bem. O fato é que goleiros não ganham prêmios, zagueiros raramente. O mundo dos prêmios individuais é dos atacantes.

Chegou a hora de mudar, na visão deste escriba. É alta a probabilidade de que a Bola de Ouro 18/19 vá para Messi, pela temporada monstruosa que fez no Barcelona. Ficaria em boas mãos. Mas melhores ainda seriam as de Alisson.

Goleiro menos vazado da Premier League, que o Liverpool não ganhou por um mísero ponto. Goleiro menos vazado da Champions League, que o Liverpool, aí sim, conquistou. Goleiro menos vazado da Copa América, vencida pelo Brasil.

A título de curiosidade, já que este esporte é coletivo, os duelos diretos com Messi acabaram em classificação do Liverpool contra o Barça na Champions, vitória do Brasil sobre a Argentina na Copa América – com direito a uma magnífica defesa na semifinal, parando uma falta magistral de Messi e fazendo parecer a coisa mais trivial do mundo.

Como a Bola de Ouro é definida por especialistas, e não como no prêmio da Fifa, por aquele monte de jogadores, técnicos e jornalistas de todos os países do mundo, incluindo os tantos que não têm no futebol uma prioridade, é capaz que Messi seja desbancado.

Eu votaria em Alisson.

Um goleiro seguro, firme, que praticamente não erra, tecnicamente perfeito em todos os fundamentos, zero espalhafatoso, um líder para suas defesas. Hoje, não é Neymar o melhor jogador do Brasil. É Alisson.

A Bola de Ouro não deve ser dada a quem melhor joga bola. E, sim, a quem melhor jogou bola em um período específico. O ano. Está na hora de quebrar os protocolos. É a hora de um goleiro ganhar.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.