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Julio Gomes

Ex-soberano, São Paulo virou piada

Julio Gomes

13/02/2019 23h28

Faltou raça? Bem, não faltou. Sobrou até. A solada de Éverton na cara do jogador do Talleres mostra isso.

Mas quem fala muito de raça é porque está sentindo falta de uma coisinha chamada futebol.

O São Paulo não passou nem perto de se classificar para a fase seguinte da chamada Pré-Libertadores. Claro que poderia ter saído um golzinho maluco aí em algum momento. O jogo de hoje poderia ter sido incendiado. O futebol é assim. Mas não sempre.

Alguém tem dúvida de qual time foi o melhor da eliminatória? E olha que o Talleres não é realmente nada demais. Veio para não jogar no Morumbi. E nem precisou jogar, porque havia um bando do outro lado.

O primeiro tempo talvez tenha sido o mais deprimente da história do clube. Nojento. Parecia um campo de 250 metros, com jogadores distantes, sem pressa, sem treino, sem nada.

O São Paulo paga o preço de verdadeiramente ter se achado soberano um dia. Parou no tempo e, quando viu, o Corinthians já tinha estádio, o Palmeiras se enriqueceu, até o Santos ganhou Libertadores. Sem contar o resto do país – tem muito clube já com estrutura tão boa ou melhor.

O pepino é que o São Paulo não parou simplesmente no tempo. Ele voltou no tempo. Os tempos de conselheiros dando "conselhos" (se fosse bom, não seria de graça, diz o ditado). Da politicagem. Das demissões compulsivas de técnicos. Dos desmandos. Do discurso populista.

O São Paulo conseguiu rifar até mesmo o bom valor que tinha, André Jardine, que se queimou profundamente. Queimou Rogério Ceni. Demitiu Aguirre. A cada semana, vende um talento.

Não é uma vergonha ser eliminado pelo Talleres. Mas é um vexame completo pela maneira como a eliminatória se desenvolveu.

Corinthians, Palmeiras, Flamengo, Vasco, todos os gigantes brasileiros já foram motivo de chacota por um tempo, curto ou longo, de sua história. Dada a consistência desde a década de 70, parecia que isso nunca aconteceria com o São Paulo. Mas aconteceu.

Hoje, o tricolor paulista é uma piada.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.