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Julio Gomes

Quem disse que o pofexô não está atualizado? Poker é vida para esportistas

Julio Gomes

29/11/2018 11h53

Moisés, do Palmeiras, Ademir da Guia, Luxemburgo, Fábio Luciano, Palhinha, Rodrigão, do vôlei, Thiago Pereira, nadador medalhista olímpico. E isso que a Maurren Maggi não conseguiu chegar!

O poker vai virando cada vez mais um refúgio para atletas, como já sabemos há algum tempo e como vi na noite inaugural do BSOP Millions, o maior festival de poker da América Latina (aliás, para quem tiver curiosidade sobre o esporte ou tiver qualquer tipo de receio sobre o poker, sugiro uma visita ao evento, na zona sul de São Paulo).

Fui convidado pelo amigo Igor Trafane, uma das pessoas mais importantes na regulamentação, existência e promoção do poker no Brasil, e pelo grande Serginho Prado, ex-colega de ESPN, para participar do "Desafio das Estrelas", o glamouroso torneio da noite de abertura do evento.

Não que eu seja estrela e nem tenha muito glamour. Mas já sabem, todo protagonista precisa de um coadjuvante. E lá fui eu. Havia gente famosa de outras áreas. Da TV, como Serginho Groisman, Marcius Melhem e Marcelinho Ié Ié, da música, como Andreas Kisser, do Sepultura, Bruninho, que faz dupla com Davi, além do chef Érick Jacquin, de muitos empresários de sucesso, gente da publicidade, da política, do jornalismo (Ary Aguiar, Victão Marques, Nelo Rodolfo), enfim.

O poker, como eu já disse, é o esporte mais democrático que existe. Não importa quem você seja ou o que faça, se é homem, mulher, forte, fraco, alto, baixo, gordo, magro. Qualquer um pode jogar. E todos começam em igualdade de condições qualquer torneio. A variedade é grande, mas é notável como o poker é especialmente popular com quem fez ou faz parte da vida esportiva.

Acabei sendo eliminado em oitavo lugar, adivinhem por quem… Vanderlei Luxemburgo. O "pofexô" acertou um belo rei no river, a última carta, e derrubou meu parzinho de quatro. Logo antes de mim havia caído Moisés, campeão pelo Palmeiras. "Tá de sacanagem, professor?!", foi minha única reação da hora. E vocês já imaginam a risadinha do homem, né. Aquela que nos acostumamos a ver nos últimos vinte e tantos anos.

Luxemburgo é figurinha carimbada no mundo do poker. Acabou o desafio das estrelas em segundo lugar, ganhou um belo prêmio. Hoje em dia, é na mesa de poker que a gente encontra aquele Luxa dos velhos tempos, com olhar determinado, faca nos dentes e vontade de ganhar. O futebol cansa, ainda mais nessa espiral negativa do futebol brasileiro.

Conversamos sobre os tempos de Madrid, quando fomos contemporâneos na cidade, e a besteira que foi a farpa trocada em público com Florentino Pérez (e a demissão). Luxa poderia ter tido vida mais longa na Espanha, mas eram realmente tempos difíceis para comandar o Real, justo quando o Barcelona encontrou o rumo com Ronaldinho.

É claro que, para caras como ele e outras pessoas muito bem sucedidas em suas áreas, a premiação em um torneio de poker pode ser uma bobagem, coisa pequena. Mas não é esse o ponto para quem jogar poker. O ponto é o desafio da vitória.

Esse desafio, creio, é o que proporciona uma "vida, parte 2" interessantíssima para ex-atletas ou mesmo para gente que ainda esteja no meio esportivo.

Esporte é competição pura, é viver para ganhar, fazer tudo para ganhar, e esse é um drive de 10 em cada 10 esportistas. Muito já se tratou da "primeira morte" que representa para um esportista parar de competir. Muitos têm grandes problemas para encontrar um novo rumo na vida.

Thiago Pereira, por exemplo, me contou como é duro hoje em dia cair numa piscina e voltar a sentir dor.

Não deve ser fácil, para quem nadou, nadou, nadou e, nos tempos livres, nadou…. parar de nadar. Nada fácil. A cabeça entra em parafuso.

O poker é perfeito para pessoas que precisam deixar a competição e fazer a transição para uma vida "normal". E tem mais. O poker não tem limite de idade. Os caras podem fazer isso literalmente para sempre. É só estar sempre estudando e se atualizando. Né, pofexô? Vai ter volta! hehe

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.