Topo

Julio Gomes

Quando a maior final vira a maior vergonha

Julio Gomes

24/11/2018 18h06

Boca Juniors x River Plate era a chance de mostrar ao mundo que existe futebol longe da Europa. Opa, olhem para cá também. Temos camisas importantes. Tem Brasil, tem Argentina, tem Uruguai, tem rivalidade, tem emoção, comoção, tem coisa grande acontecendo aqui também.

Com a coisa de serem jogos em dois sábados, chance maior ainda de fisgar algum público europeu – porque noite aqui é madrugada lá, ninguém sabe que rolam os jogos de Libertadores no meio de semana. Chance grande de beliscar alguma coisa no mercado americano – sigo achando que o futebol sul-americano só poderá competir de frente com o europeu de novo quando os americanos entrarem na parada.

Só que os fatos se atropelam. E a maior final da história da competição vira a maior vergonha.

Primeira final adiada por chuvas, dia trocado. Torcida única, o que, convenhamos, é um recibo danado da nossa incapacidade de organizar eventos. E, duas semanas depois, a justificativa de jogos assim serem disputados com torcida única.

A selvageria de um punhado de torcedores do River Plate, covardemente jogando de tudo no ônibus do Boca. Ou seja, total falta de organização (o ônibus precisava passar por aquela rua? Não deveria estar sendo melhor protegido?) e total falta de civilidade.

Essa é a mensagem que a América do Sul passa para o mundo. Quando se trata de futebol, não só não somos tão grandes como antes fomos, como somos cada vez mais selvagens.

Uma vergonha completa. Uma pena enorme.

Querem piorar as coisas? Forçar o Boca Juniors a entrar em campo nessas circunstâncias. Uma final manchada para sempre. A Conmebol precisa acabar.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.