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Julio Gomes

Deyverson foi muito maior que Borja no Brasileiro

Julio Gomes

21/11/2018 23h43

Foi uma noite de gols ridiculamente perdidos no Campeonato Brasileiro. Damião, duas vezes, jogando fora a virada do Inter sobre o Atlético Mineiro. René dando uma bicuda, com gol livre, enquanto o Flamengo ainda empatava com o Grêmio – talvez Geromel tenha desviado, mas a finalização foi patética. Depois, no mesmo jogo, Vitinho jogou o 2 a 0 por cima, com gol livre, perdendo um tão feito quanto o que ele mesmo perdeu contra o São Paulo rodadas atrás. Pimpão, na Vila, teve a virada em seus pés nos acréscimos, mas demorou tanto que foi travado.

Mas o gol perdido da noite é o de Borja. Livre, com bola limpa, sem ser pressionado, o colombiano chutou por cima o que seria o primeiro do Palmeiras, o gol do alívio, no finalzinho de um encardido primeiro tempo contra o América no Parque.

No segundo tempo, um lance fortuito, com bola espirrada em Luan, abriu a lata. E veio a goleada palmeirense. O quarto e último gol foi de Deyverson, com suor e sangue, após a cabeçada sofrida pelo atacante no lance.

O mesmo Deyverson que, momentos antes, na celebração do gol de Luan, tentou pular em cima dos companheiros para comemorar, passou lotado e caiu no chão lá do outro lado. É realmente um cidadão com um parafuso a menos, como disseram o próprio Felipão e outros jogadores do Palmeiras ao longo do semestre.

Deyverson é um jogador mais ou menos em termos técnicos e explosivo, encrenqueiro. Mas o fato é que ele foi um dos jogadores cruciais da campanha do título palmeirense – que, se não vier no fim de semana, contra o Vasco, virá na última rodada, em casa, contra o Vitória.

O Palmeiras escolheu a Libertadores como prioridade número 1, pelo prestígio e a obsessão dos brasileiros neste torneio. Colocou a Copa do Brasil como prioridade número 2, pela grana de premiação e por ser um torneio disputado em meio de semana, como a Libertadores.

Assim, sobrou o Brasileiro como prioridade 3 (e última). E Felipão colocou, sem dó, o time reserva para jogar o Brasileiro. O mesmo fizeram Cruzeiro e Grêmio, que acabaram ficando pelo caminho no principal torneio nacional por causa disso.

Mas deu certo para o Palmeiras. E deu certo essencialmente porque boa parte do elenco tem o mesmo nível. A dupla de zaga do Brasileiro possivelmente seja melhor que a dos mata-matas. Dudu jogou tudo o que podia e fez a diferença. E Lucas Lima e Deyverson foram jogadores fundamentais no Brasileiro.

O gol de Deyverson nesta quarta, com sangue escorrendo no rosto, contrasta com o gol perdido por Borja.

Mesmo depois das eliminações na Libertadores e na Copa do Brasil, quando Borja assumiu a posição de titular no Brasileiro, foi Deyverson quem apareceu mais.

O colombiano teve um bom ano, mas passou longe de ser figura importante no Brasileiro. Na foto do título, precisa estar o maluquinho Deyverson.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.