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Julio Gomes

River x Boca é a maior final da história da Libertadores

Julio Gomes

31/10/2018 23h42

River Plate x Boca Juniors. Boca Juniors x River Plate. O clássico mais famoso da América do Sul, um dos maiores do mundo, decidirá o campeão da Copa Libertadores.

Será não só a primeira final entre eles, mas também a primeira final argentina da história (houve dois entre brasileiros). Até poucos anos atrás, o regulamento forçava duelos entre times do mesmo país em fases anteriores, para impedir decisões domésticas. Há um pouquinho mais de tempo, nem havia mais do que dois representantes de cada país.

River e Boca conseguiram montar ótimos times de futebol. São melhores do que os brasileiros, simples assim. Neste momento, são os dois grandes times do continente. E, quem for campeão, tem chance verdadeira de encarar um claudicante Real Madrid no Mundial de Clubes.

Aliás, você não verá argentinos falando sobre o Mundial, essa obsessão é coisa bem nossa. Ganhar a Libertadores, ainda mais em uma final com estes envolvidos, basta por si só.

A semifinal entre River e Grêmio poderia ter caído para qualquer lado, foi no detalhe. Mas a semi entre Boca e Palmeiras teve claramente um time melhor do que o outro.

O Palmeiras pagou pela covardia do primeiro jogo. Foi à Bombonera para empatar e ficará para sempre lamentando o que poderia ter acontecido, tivesse feito um jogo mais ousado e corajoso, como o Grêmio no campo do River.

O Boca fez o oposto nesta quarta à noite. Foi melhor do que o Palmeiras no primeiro tempo, jogou bola, não se preocupou em ficar fazendo cera ou antijogo. O meio de campo do Boca não rifou bola alguma e se recusou a montar uma retranca. Isso só foi acontecer por alguns minutos no segundo tempo, quando o Palmeiras conseguiu a virada e pressionava em direção ao sonho.

Mas aí o 2 a 2, marcado por Benedetto, acabou com a semifinal.

O Palmeiras fez o que dava para fazer hoje, o pepino foi a ida. Agora, restará como consolação o "Brasileirinho", que o Palmeiras disputou com o time B – e, com o time B, chegou à ponta. Está com a mão na taça, dada a vantagem construída e a tabela restante.

Espero que a TV aberta dê, a todo o Brasil, a chance de ver essa final – a última em ida e volta, já que a Libertadores passará a ter final única ano que vem. Aliás, que bom que essa final histórica será disputada em dois estádios históricos, não em campo neutro!

Muitos clubes brasileiros têm uma história gigante, maravilhosa, torcidas e rivais, mas não há uma clássico maior do que Boca x River. É o equivalente a um Real Madrid x Barcelona na final da Champions League (o que nunca ocorreu, diga-se).

Na história da Libertadores, eles jogaram 24 vezes (a primeira delas foi em 1966), com 10 vitórias do Boca, 7 empates e 7 vitórias do River. Foram três confrontos em mata-mata e outros dois confrontos eliminatórios, em uma época em que a segunda fase levava às finais.

O Boca se deu bem três vezes (em 1978, no que era uma segunda fase equivalente às semifinais, em 2000, pelas quartas, e em 2004, pelas semifinais, passando nos pênaltis). Em 78 e 2000, seria campeão, em 2004 perderia a final para o Once Caldas.

O River Plate levou a melhor duas vezes (em 1970, no era uma segunda fase equivalente às quartas de final, e em 2015, nas oitavas, com aquele "superclássico da vergonha", adiado após agressões da torcida do Boca a jogadores do River, com direito a gás pimenta no túnel do vestiário). O River ganharia esta competição de 2015.

O Boca Juniors tem seis títulos e busca o sétimo, para se igualar ao Independiente como maior campeão da Libertadores. O River Plate tem três títulos, o mesmo número dos brasileiros que mais vezes ganharam a competição (Grêmio, São Paulo e Santos).

É a maior final de Libertadores da história.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.