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Julio Gomes

Lopetegui se despede com um troféu: o idiota do ano

Julio Gomes

29/10/2018 18h44

Julen Lopetegui não acabará 2018 sem um título. Não há quem tenha conseguido ser mais idiota do que ele ao longo do ano. É o campeão mundial da idiotice.

O técnico tinha em mãos uma fortíssima seleção da Espanha para a disputa da Copa do Mundo. Basta ver onde chegou a Croácia, na mesma chave da Espanha, para imaginar o que poderia ter acontecido.

Mas ele pôs tudo a perder ao negociar às escondidas com o Real Madrid, o tricampeão europeu, que acabara de ser surpreendido com a saída de Zidane.

Lopetegui foi estúpido ao usar (ou ser usado por) seu capitão, Sergio Ramos, para se acertar com o Real Madrid a dias da Copa. Poderia ter jogado às claras, talvez tivesse sido criticado aqui e ali, mas teria realizado o sonho da Copa e, depois, o sonho de pegar o mais poderoso clube do mundo. E, se o Real não topasse que assim fosse, que se danasse o clube. A missão dele era fazer da Espanha a campeã do mundo.

Os jogadores do Barcelona descobriram a negociação secreta, não gostaram. A Federação foi a última a saber e tomou a drástica decisão de demiti-lo.

Fui contra a demissão na época, pois considerava que a Federação estava dizimando as chances da Espanha na Copa – e foi o que aconteceu. Mas ser contra a demissão não significava absolver Lopetegui.

Quando a coisa começa mal, dificilmente acaba bem. Lopetegui chegou ao Real Madrid na pior situação possível. Com o time multicampeão, mas já sem jogar tão bem assim, sem Cristiano Ronaldo e com a polêmica como pano de fundo – ou seja, sem qualquer boa vontade por parte da imprensa local.

Situação que teria sido completamente diferente se ele tivesse chegado ao Real após uma boa campanha na Copa. E se tivesse sido campeão do mundo? Será que os maus resultados seriam suficientes para Florentino Pérez demiti-lo?

Para piorar, resolveu fazer rotações e mais rotações neste início de temporada, em vez de achar logo um time titular e ganhar a confiança deles, da torcida, da imprensa e dos dirigentes.

Os cinco jogos sem vitórias, o que não acontecia desde 2009, as 8 horas de futebol sem fazer gols (quase superando a histórica seca de 85, a maior da história do clube) e, de quebra, a goleada para o Barcelona, domingo, acabaram sentenciando Lopetegui.

Ele não é o primeiro treinador rifado no Real após apanhar do Barça. Já aconteceu com Luxemburgo, com Benítez e acontecerá com mais gente. Só Mourinho sobreviveu a levar de 5, como em 2010. Mas, ali, o clube vivia uma fase tão lamentável que era necessário apostar na continuidade do português.

Lopetegui é, sim, o primeiro rifado após fazer a lambança que fez. Entre tantos idiotas que tivemos em 2018, e olha que o ano nem acabou, nenhum superou Lopetegui.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.