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Julio Gomes

Flamengo embala com 'supergoleadas' raríssimas hoje em dia

Julio Gomes

13/10/2018 19h00

Se descontarmos o Carioquinha, o Flamengo havia feito 41 jogos nesta temporada por Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil antes das vitórias sobre Corinthians e Fluminense.

Nos 41 jogos anteriores, o time havia feito três ou mais gols em somente duas ocasiões. Um 3 a 0 sobre o Ceará, na terceira rodada do campeonato, ainda em abril. E um 4 a 1 sobre o Sport, em julho, no pós-Copa. O Ceará do pré-Copa e o Sport do pós-Copa foram os times com piores sequências no Brasileiro.

Ou seja, o Flamengo não havia feito três gols em nenhum jogo realmente competitivo – até agora. De repente, em oito dias, faz 3 a 0 no Corinthians em Itaquera, um estádio difícil para qualquer um, e 3 a 0 no Fla-Flu, um clássico.

Para alguns, 3 a 0 é goleada. Para mim, não é. Mas, no futebol brasileiro de hoje em dia, 3 a 0 é uma supergoleada.

Dorival Jr não é mago. É um bom treinador e um sujeito honesto, íntegro, bem educado e equilibrado. Mas não está na categoria de gênio.

Se houve uma mudança no Flamengo após a saída de Barbieri e a chegada de Dorival foi a contundência. O time segue com posse e volume, mas é mais contundente na tentativa de definir jogadas. E, claro, tem sorte também. Às vezes, bolas não entram, às vezes, entram. Se não tentar, não entram – essa é uma certeza inexorável. O Fla está tentando mais.

Há de se esforçar para ser feliz. O discurso de "saber sofrer" cansa.

Mudanças de treinador nunca são desejáveis. Mas às vezes um bom time, mesmo que bem montado, não consegue fazer resultados. Precisa de uma palavra diferente, uma confiança extra, uma sorte aqui ou ali. E pode engrenar.

Os placares contundentes que o Flamengo conseguiu contra Corinthians e Fluminense não são raras apenas para o Flamengo. São raras no campeonato e no futebol brasileiro de uma forma geral. Quem faz 1 a 0, se dá por satisfeito, recua e comemora, como fez Mano Menezes na quarta-feira.

Vitórias fáceis viraram algo tão raro que nem lembramos mais como era isso. O Flamengo não virou uma máquina, mas está fazendo o que Palmeiras, Inter, Grêmio, São Paulo, ninguém faz.

A troca de técnico teve o efeito desejado. O time mudou de humor, de atitude e os resultados aparecem.

A tabela mostra agora um duelo contra o lanterna e virtual rebaixado Paraná e, depois, os confrontos ultradecisivos contra Palmeiras e São Paulo. O Flamengo está mais vivo do que nunca.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.