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Julio Gomes

Grêmio e Palmeiras conseguirão evitar a maior final de todas?

Julio Gomes

05/10/2018 13h24

Muitos clubes brasileiros têm uma história gigante, maravilhosa, torcidas e rivais. Mas pergunte a qualquer pessoa fora da América Latina qual o maior clássico do continente. Pergunte a qualquer brasileiro qual o maior clássico da América do Sul, excetuando seu próprio time.

Não tem jeito. É Boca x River. River x Boca. Determinar "o maior clássico de todos" passa por um monte de coisas.

Responda rápido: qual o maior clássico do Brasil? E o de São Paulo? E o do Rio? E o da Inglaterra? E o da Argentina?

Pois é. Não precisa ser bidu para saber que o último é o que terá o maior percentual de respostas iguais. Determinar o maior clássico de um país passa por títulos, quantidade de torcedores e, claro, pela exclusividade. A não concorrência. Boca x River é indiscutivelmente o grande clássico argentino. Sim, Grêmio e Inter fazem o único clássico gaúcho, por exemplo. E Celtic x Rangers fazem o grande clássico escocês. Em ambos os casos, não estamos falamos de um país inteiro como a Argentina, um país vencedor, berço de grandes craques e completamente apaixonado pelo esporte.

Boca Juniors e River Plate estão agora a um passo de uma inédita final de Libertadores. Inédita porque eles nunca disputaram uma decisão continental. E nem sequer houve até hoje uma final argentina.

Até pouco tempo atrás, o regulamento impedia que dois times do mesmo país disputassem a decisão. Depois, com o aumento da quantidade de clubes de cada país, o regulamento passou a dificultar, mas não impedir. Neste cenário, São Paulo e Atlético-PR, em 2005, e Inter e São Paulo, em 2006, fizeram as únicas finais, até hoje, entre times do mesmo país.

Hoje, essa regra caiu de vez. É por isso que Boca e River e Grêmio e Palmeiras não são mudados de lugar na chave, evitando uma final entre argentinos ou brasileiros, como antigamente.

Na história da Libertadores, Boca e River jogaram 24 vezes (a primeira delas foi em 1966), com 10 vitórias do Boca, 7 empates e 7 vitórias do River. Foram três confrontos em mata-mata e outros dois confrontos eliminatórios, em uma época em que a segunda fase levava às finais.

O Boca se deu bem três vezes (em 1978, no que era uma segunda fase equivalente às semifinais, em 2000, pelas quartas, e em 2004, pelas semifinais, passando nos pênaltis). Em 78 e 2000, seria campeão, em 2004 perderia a final para o Once Caldas.

O River Plate levou a melhor duas vezes (em 1970, no era uma segunda fase equivalente às quartas de final, e em 2015, nas oitavas, com aquele "superclássico da vergonha", adiado após agressões da torcida do Boca a jogadores do River, com direito a gás pimenta no túnel do vestiário). O River ganharia esta competição de 2015.

O Boca Juniors tem seis títulos e busca o sétimo, para se igualar ao Independiente como maior campeão. O River Plate tem três títulos, o mesmo número dos brasileiros que mais vezes ganharam a competição (Grêmio, São Paulo e Santos).

Somados, Boca, River, Grêmio e Palmeiras têm 13 títulos de Libertadores. Nunca houve uma fase semifinal com tantos troféus reunidos e nem mesmo com quatro ex-campeões.

Grêmio e Palmeiras têm tradição suficiente para derrotar os argentinos. E têm time também. O Grêmio, apesar de algumas baixas, é o atual campeão. E o Palmeiras é o elenco mais completo do Brasil, com bons jogadores em todas as posições. Ambos com técnicos experientes e que já foram campeões da América.

 

São semifinais muito equilibradas, em que os brasileiros têm a vantagem de decidir em casa. Talvez o River tenha mostrado um futebol melhor que o de todos os outros. O Boca, pelo contrário, está um pouco abaixo.

Grêmio e Palmeiras podem estragar tudo. Mas, se der Boca Juniors de um lado, River Plate do outro, teremos a maior final de Libertadores da história.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.