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Julio Gomes

Existe um Felipão para o Corinthians?

Julio Gomes

06/09/2018 07h24

O futebol brasileiro é tão aleatório que as tendências são ditadas de forma quase semanal. Alguma coisa dá certo? Copiamos.

Interino está dando certo no vizinho? Vamos de interino aqui também. Técnico que nunca foi técnico antes rolou? Vamos experimentar. Técnico jovem teórico conseguindo vitórias? Lá vamos nós.

Agora estamos no momento de olhar para técnicos medalhões, da velha geração. Afinal, Felipão está aí provando que isso pode dar certo. Vai virar moda, podem apostar, é assim que funcionam dirigentes.

O furo da teoria é simples. Cada pessoa é uma pessoa. Cada profissional é um profissional. Não são bons todos os técnicos estudiosos. Nem são todos ruins. Não são bons todos os mais velhos. Nem são todos ruins. Não há uma regra. Há pessoas.

Luiz Felipe Scolari é um dos maiores técnicos da história do Brasil. Você pode não compartilhar com ele as mesmas visões de futebol – eu não compartilho. Mas não é possível negar sua capacidade de comandar grupos e chegar aos resultados.

Existe uma versão de Felipão para o Corinthians?

Após o "rebaixamento" de Osmar Loss, de volta ao cargo de auxiliar técnico, o Corinthians precisa encontrar alguém para um período curto. Domingo tem clássico contra o Palmeiras, quarta tem semifinal de Copa do Brasil contra o Flamengo.

Os primeiros nomes ventilados são os de Levir Culpi e Dorival Jr.

Nenhum deles tem o histórico de transformar times com varinha mágica. E nem de serem multicampeões. Ambos gostam mais do jogo de posse e ofensividade, que não foram marcas recentes do Corinthians. São entendedores de futebol, sem dúvida. E possivelmente terão o respeito dos jogadores, principalmente Levir. Mas não são mais do mesmo?

Ao contrário do Palmeiras, que tem um elenco muito acima da média nacional e mais precisava de alguém para motivar o grupo e colocar ordem na casa, o Corinthians precisa de alguém que mexa com o futebol do time. Encontre soluções bastante mais complexas do que as que Felipão precisou encontrar no Palmeiras. Faça um belo omelete sem tantos ovos.

Será que a solução passa por um técnico do tipo Roger ou Jair Ventura, expoentes da nova geração, mas que ainda não emplacaram? Ou será que a solução passa por desenterrar Vanderlei Luxemburgo, uma espécie de nêmesis de Felipão? Que tal Parreira?

Ou que tal ir atrás de alguém na mídia, fora do mercado de técnicos, como o Corinthians fez lá em 1993 com Mário Sérgio? Tipo assim… um convite ao Neto, que tal? Ou Casagrande? Algum antigo ídolo para dar uma chacoalhada na coisa. Rivellino? Marcelinho Carioca? Vai que dá certo!

E que tal um gringo? Zidane está desempregado… Luxemburgo fala tanto dos tempos de trabalho com Zidane no Real Madrid…. poderiam até fazer uma dobradinha no comando.

Brincadeiras à parte, nenhuma resposta parece óbvia.

Só existe um nome que seria unânime, que tem qualidade, ascendência sobre jogadores, identidade com o clube e que, talvez, conseguisse fazer o mesmo pelo Corinthians que Felipão está fazendo pelo Palmeiras.

Só que aí vai precisar pedir emprestado para a CBF…

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.