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Julio Gomes

Corinthians de Loss é um time medroso e estático

Julio Gomes

05/09/2018 21h54

(post atualizado às 22h30, após a demissão de Osmar Loss)

Eu acho louvável que Andrés Sanchez segure técnicos. Como fez com Tite lá atrás, em 2011, como tentou fazer com Osmar Loss. A estabilidade é necessária. Mas não obrigatória.

Desse mato corintiano não sairia coelho. Ou muda o técnico ou o técnico muda o jeito de o time jogar. Sob pena de não ganhar a Copa do Brasil, o que já é difícil de qualquer maneira, e não ir à Libertadores do ano que vem.

Do jeito que joga o Corinthians de Loss, é mais fácil entrar na briga lá de baixo, para não cair, do que pelo G6. É um time que lembra muito o São Paulo do ano passado, principalmente por ser estático.

Há pouca movimentação, pouca troca de posições, pouco dinamismo. Com a bola no pé, troca passes inúteis de lado, sem chegar nem perto do gol adversário. Não há agressão nem verticalidade.

Uma das razões da inoperância corintiana é porque joga sem avanço de volantes e laterais. Isso tem nome: medo. Podemos escolher um jeito mais bonito e chamar de excesso de cautela.

No segundo tempo, atrás no marcador, finalmente o time começou a jogar. Perdendo, é mais fácil ficar corajoso.

Com os avanços de Avelar pela esquerda, surgiram bons lances. Com a entrada de Mateus Vital no lugar de Douglas, melhorou a qualidade no passe e o time ganhou o meio de campo e o controle do jogo. O abafa do fim do jogo foi natural, era um time buscando o empate e o outro se segurando.

Jogando de um jeito mais corajoso, o Corinthians chegou ao gol e martelou até o fim em busca do empate. Mas é uma história que se repete semana após semana. Um Corinthians sem graça, sem força, extremamente conservador em seu jeito de jogar, sendo ousado somente quando está atrás do placar.

Osmar Loss tem um potencial incrível? Se a diretoria tem essa leitura, deve tentar mantê-lo no clube. Carille também foi interino por um tempo, antes de reassumiu o Corinthians em outra situação.

Tem dérbi contra o Palmeiras e semifinal contra o Flamengo nos próximos sete dias. E o corintiano coça a cabeça. Não é só uma questão de elenco e jogadores limitados. O buraco é mais embaixo, e Loss não iria trazer qualquer solução. Vamos ver quem será o candidato a milagreiro.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.