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Julio Gomes

A hora de Vinícius Jr vai demorar. O Real, agora, é o time de Bale

Julio Gomes

16/08/2018 15h48

Cristiano Ronaldo se foi. E, depois de 18 anos, o Real Madrid perdeu uma final internacional – os 4 a 2 para o Atlético de Madrid, Supercopa da Europa. Claro que Cristiano não jogou todas as finais nestes 18 anos, mas a maioria delas.

Com Zidane, que ficou dois anos e meio no clube e ganhou três Champions, nunca o Real havia levado quatro gols. Eu sempre digo que, enquanto os outros dão presentinhos (Bayern, Liverpool), o Real Madrid não entrega nada de graça para ninguém. Ontem, entregou. Navas no primeiro gol, Marcelo no segundo, Varane no terceiro… foram muitas (raras) falhas individuais.

A Supercopa da Europa é apenas o primeiro jogo oficial para os times madrilenhos, começo de temporada. Mas já dá para observar algumas coisas.

Os que estavam empolgados com a pré-temporada de Vinícius Jr precisam sossegar. Há uma fila. E nela estão Asensio, Lucas Vázquez, Ceballos…

Isso sem contar Benzema e Isco, que devem ser titulares o ano todo e, claro, Bale.

Agora a bola está com ele. Depois de lesões, de perder espaço, de ficar, segundo alguns meios de imprensa europeus, perto de sair do Real, Bale tem agora a chance que nunca teve enquanto CR7 estava na área. A chance de ser dono do time.

Fica mais fácil depois de ter metido o gol de bicicleta que meteu na final na Liga dos Campeões, contra o Liverpool. Nesta quarta, contra o Atlético, o time jogou mais pela esquerda, com Marcelo e Asensio, no primeiro tempo. Mas foi de Bale que saiu o cruzamento perfeito para o primeiro gol, de Benzema.

O Real Madrid é uma das interrogações da temporada europeia. Já sabemos o que esperar do City, do United, do Liverpool, do PSG, do Bayern, até mesmo do Barcelona. Mas Arsenal, Chelsea e Real Madrid, e este é o tricampeão europeu, portanto, mais relevante, são clubes de técnico e filosofia novos.

Lopetegui fazia um ótimo trabalho na seleção espanhola, mas não foi bem quando passou pelo Porto. Ganhou um goleiraço em Courtois, o melhor do mundo, mas Navas é também ótimo. A base vencedora está mantida, só que se foi o melhor jogador do time, responsável por um número bizarro de gols. Esses gols precisam ser feitos para o time se manter no topo. Quem os fará?

Não vai ser Vinícius Jr. Aliás, a não entrada dele ontem contra o Atlético, com o time perdendo e sem ser uma Copa de grande relevância, mostra que a hora do menino ainda vai demorar bastante para chegar.

Este, a partir de agora, é o time de Bale. Será que o galês está à altura da ocasião?

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.