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Julio Gomes

Real Madrid fica a um jogo do inacreditável na Europa

Julio Gomes

01/05/2018 17h38

Você sabia que o Real Madrid é o primeiro bicampeão da história da Uefa Champions League? Para a maioria das pessoas que acompanham este blog, isso não é novidade. Ao ganhar a Champions ano passado, repetindo o feito de 2016, o Real se transformou no primeiro clube a ser campeão europeu de forma consecutiva desde que a Copa dos Campeões virou Champions.

Isto não é apenas coincidência. Até 1992, no formato antigo, a Copa dos Campeões era jogada apenas por… campeões. E nem sempre, como sabemos, o campeão de uma liga nacional em um ano mantém o nível no seguinte.

Entre 1955, quando foi criada a Copa dos Campeões, e 1992, nada menos do que oito clubes fizeram pelo menos uma dobradinha de títulos – alguns ganharam até mais do que dois seguidos.

Na era Champions League, passaram a disputar o torneio dois, três, quatro times de cada país europeu. É por isso que os grandes, como Real, Barcelona, Bayern, United, Juventus, etc, estão na Champions ano sim, ano também. Se fizer um mau campeonato nacional e chegar em terceiro, por exemplo, vai pra Champions mesmo assim.

Com tanto time gigante, ficou muito difícil ser campeão de forma consecutiva. Tão difícil que foram 25 anos de competição até o Real Madrid atingir o feito, que era tão corriqueiro antes.

É verdade que criou-se um abismo entre os mais poderosos da Europa e uma classe média que costumava dar muito trabalho. Mas os poderosos são tão poderosos, concentram tanto os jogadores top do planeta, que é inacreditável que o mesmo time ganhe sempre o campeonato mais importante.

Se ganhar a final contra o Liverpool (ou contra a Roma), o Real Madrid terá sido campeão pela quarta vez em cinco anos. Será o primeiro tricampeão seguido desde o Bayern dos anos 70.

O Bayern da atualidade não foi capaz de evitar o feito. E basicamente não foi capaz porque deu dois gols de presente. Um em Munique, o 1-2 presenteado por Rafinha. E um em Madri, dado pelo goleiro Ulreich no começo do segundo tempo. O Bayern foi melhor que o Real em três dos quatro tempos da eliminatória. Isso já tinha sido assim no confronto entre eles ano passado. Deixou a eliminatória aberta até o fim. Fez gols, perdeu gols, consagrou Navas, foi superior.

O Real Madrid já havia passado no sufoco contra a Juventus antes. E teve muita sorte nas finais contra o Atlético em anos anteriores. Podemos empilhar as eliminatórias que o Real ganhou sabe-se lá como nestes anos todos. Com Cristiano Ronaldo fazendo rigorosamente nada em dois jogos, brilhou Keylor Navas, um goleiro subestimado.

O Bayern foi melhor. Mas deu dois presentes. Alguém se lembra de o Real Madrid dar presentes para os adversários nos últimos cinco anos? Pois é. Presente do Real, só para sua torcida.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.