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Julio Gomes

Atlético-PR é a grande incógnita do ano e pode, por que não?, sonhar alto

Julio Gomes

20/04/2018 04h00

A classificação para as oitavas da Copa do Brasil, eliminando um "grandão", mesmo que em pior fase, parece ser o resultado que Fernando Diniz precisava para se firmar no Atlético Paranaense.

Sabemos como é o futebol. Estão todos na corda bamba o tempo todo. Mas algumas cordas são mais bambas. Aparentemente, a relação entre Diniz e quem realmente manda no Atlético é ótima. Ou está ótima. Como sempre, em clubes de mandatário centralizador, tudo depende da combinação relação/resultados.

Se a relação é ótima, ótimo! Mas se os resultados não vêm…

Quando o Atlético contratou Fernando Diniz, eu chamei a parceria de "casamento perfeito" aqui no blog.

Tudo iria por água baixo se o Atlético fosse eliminado logo nas fases iniciais da Copa do Brasil por um Tubarão da vida. Foi quase. Mas não foi. E lá está o bravo CAP nas oitavas, passando pelo São Paulo no Morumbi. E virtual classificado para a próxima fase da Sul-Americana, após atropelar o Newell's. E na liderança do Brasileiro, pois foi quem fez a maior vitória da primeira rodada.

Onde pode chegar o Atlético de Diniz?

Esta é, a meu ver, a grande incógnita da temporada do nosso futebol.

Porque sabemos que os times de elenco mais rico chegarão fortes lá na frente. Que outros ficarão pelo caminho, uma hora ou outra.

Todo mundo coloca como favoritos a ganhar o Brasileiro o Corinthians, atual campeão, o Grêmio, pelo maravilhoso futebol mostrado, e o trio dos riquinhos Palmeiras-Cruzeiro-Flamengo, os três com elencos fartos, apesar de não terem mostrado nada demais em termos de bola.

Quem pode desbancá-los? A resposta é: o Atlético Paranaense.

Jogando um futebol ultramoderno, de posse e controle do jogo, com uma estrutura fantástica, um estádio maravilhoso, torcida participativa e um técnico brilhante e corajoso, o Atlético pode, sim, ser campeão de um Brasileiro ou de uma Copa do Brasil. Ou dos dois.

Ou ser eliminado na próxima fase da Copa, chegar em 14o no Brasileiro e ter Diniz demitido após alguma sequência de derrotas.

Sem dúvida, as chances do CAP passam por fazer um ótimo trabalho nestas duas primeiras fases do Brasileiro. As seis rodadas iniciais, quando seus supostos concorrentes diretos estarão super envolvidos com Libertadores – há confrontos diretos contra Grêmio e Palmeiras -, e das rodadas 7 a 12, quando uma turma importante perderá jogadores para a Copa do Mundo e o Atlético enfrentará adversários que possivelmente passarão a maior parte do campeonato na metade de baixo da tabela.

O Cruzeiro, em 2013, não parecia ter time para ser campeão. Mas aproveitou muito bem o período pré-Copa das Confederações e depois não olhou mais para trás.

Seria muito importante que os tais concorrentes diretos perdessem pontos nestas 12 rodadas iniciais, para de repente priorizar as Copas em vez do campeonato.

Não estou aqui falando que o Atlético Paranaense será campeão brasileiro. Estou falando que não é nenhum absurdo pensar nesta hipótese. Mas, claro, precisamos sempre lembrar que estamos falando do futebol e ele, especialmente no Brasil, é dinâmico demais. Em uma semana, tudo muda.

O que não mudam são as convicções e o bom gosto de Fernando Diniz pelo futebol bem jogado. Sempre tentando submeter o adversário, em vez de depender do que o próprio fará.

Times que jogam de forma específica e fora da caixinha têm um problema: são mais visados, estudados, e isso pode gerar dificuldades adicionais. Como eu disse lá no começo. É cedo, o Atlético é uma grande incógnita em 2018. Mas que vale muito ver, isso vale.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.