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Julio Gomes

Bayern x Real Madrid: o maior clássico europeu é uma final impossível

Julio Gomes

13/04/2018 09h21

Está é a décima Liga dos Campeões da Europa consecutiva que terá na final ou Real Madrid ou Bayern de Munique ou Barcelona. Mas nenhuma das 10 teve uma final entre dois dos três times que dominam o cenário há tanto tempo, deixando os também ricos e poderosos ingleses chupando dedos.

O sorteio desta sexta colocou frente a frente Bayern e Real, Real e Bayern. De novo. É o confronto que mais vezes aconteceu em competições europeias. Por isso, e pela história vitoriosa de ambos ao longo das décadas, é o maior clássico europeu.

Claro que não há, entre eles, a rivalidade e o ódio que envolvem confrontos locais, de mesma cidade ou país. Mas há tensão suficiente. Tem muita história. Muita mesmo.

Foram 24 jogos até hoje, todos eles válidos pela competição máxima europeia. Mas, nunca, em uma final. E, outra vez, o sorteio impediu que a decisão fosse realizada entre eles.

Nos 24 jogos até hoje, 11 vitórias para cada lado e 2 empates. O domínio caseiro é evidente e idêntico. Quem jogou em casa ganhou 9 vezes, empatou 1 e perdeu 2. Sim, o retrospecto de ambos é igual jogando em casa. Em mata-matas, o Real levou a melhor 6 vezes, o Bayern, 5. Em semifinais, o Bayern leva vantagem de 4 a 2 nos duelos entre eles.

Eu já contei isso aqui no blog outras vezes. O Bayern é o único clube do mundo que o Real Madrid verdadeiramente teme, não gosta de enfrentar. Por mais que o retrospecto seja tão equilibrado, existe uma imagem de que o Bayern é a pedra no sapato madrilenho, a "bestia negra", o único "não freguês" do mundo. E nem mesmo as últimas duas vitórias do Real contra eles, nas semis de 2014 e nas quartas do ano passado, mudaram essa imagem.

Se em 2014 o Real, de Carlo Ancelotti, se aproveitou com bola aérea e contra ataques dos buracos deixados por Guardiola para golear em Munique, no ano passado a história foi diferente. Ancelotti era o técnico do Bayern, e uma expulsão injusta de Vidal no Bernabéu foi decisiva para o duelo pender para o Real na prorrogação.

Ancelotti, como sabemos, não durou no Bayern e deu lugar a Jupp Heynckes, campeão de tudo em 2013 e retirado da aposentadoria, para onde voltará dentro de um mês e pouquinho. Heynckes é um homem que fala a língua dos jogadores, de uma simplicidade incrível na leitura de jogo, um desses técnicos que nos faz pensar que talvez "menos seja mais" com um elenco estrelado em mãos.

Logicamente a chave para o Bayern é não deixar Cristiano Ronaldo fazer tantos estragos. Com ele, bobeou, dançou.

Quem quer que passe deste duelo será ultrafavorito se enfrentar a Roma na final de Kiev. E será ligeiramente favorito contra o Liverpool, uma camisa pesada, multicampeã e um time extremamente perigoso na fase ofensiva. Em um jogo, pode golear ou ser goleado por qualquer um. Pode eliminar o City, como pode perder da Roma. É um time imprevisível.

Bayern de Munique e Real Madrid. A final que parece que nunca será. É que merecemos mesmo ver sempre dois jogos entre eles. Um é pouco.

 

 

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.