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Julio Gomes

Arbitragem será bode expiatório, mas derrota palmeirense é duríssima

Julio Gomes

08/04/2018 18h43

O Palmeiras vai reclamar da arbitragem. Sem razão. É preciso saber perder e é preciso saber ganhar.

A arbitragem foi muito boa no Allianz Parque neste domingo. É verdade que foi ajudada pela maioria dos jogadores, que deram o papelão que deram na primeira partida e hoje se comportaram melhor. Mas o fato é que Marcelo Aparecido de Souza controlou o jogo e os ânimos inflamados desde o início. Teve méritos.

Errou ao marcar equivocadamente pênalti de Ralf em Dudu no segundo tempo. Mas depois acertou ao ouvir o que o quarto árbitro tinha a dizer. É chover no molhado pedir o VAR. O futebol precisa disso para ontem. É também chover no molhado desconfiar da interferência externa em lances assim.

É uma pena que tenhamos de ver acertos por linhas tortas. Uma espécie de clandestinidade ajudando os árbitros a tomarem as decisões certas em campo.

Ainda assim, prefiro a desconfiança a ver uma final sendo decidida por um pênalti mal marcado.

O Corinthians começou o jogo muito bem, com Matheus Vital fazendo estragos pela esquerda. Chegou rapidamente ao gol e depois fez o que melhor sabe. Se defendeu. Se defendeu muito bem, com propriedade, tomando pouquíssimos sustos ao longo de 90 minutos.

O Palmeiras é um time superior à maioria dos outros do Brasil. Tem um elenco mais recheado, o que é importante para campeonatos-maratona, não tanto para mata-matas. Isso não quer dizer que é um time bom pra caramba. É superior, mas não é essa Coca-Cola toda. O equilíbrio (por baixo) é a marca do futebol jogado no Brasil.

Esta é uma derrota duríssima. É um clube com um orçamento muito maior que o do Corinthians, uma constelação, uma final em seu estádio, com torcida única e vantagem do empate. É uma humilhação para o palmeirense.

Qual alegria ao longo do ano será grande suficiente para apagar uma derrota como essa? Talvez somente um mata-mata contra o próprio Corinthians na Libertadores.

Roger terá de juntar os cacos, pois o Brasileiro está aí.

Reclamar do árbitro é o que farão jogadores, diretores, torcedores, etc. Mas é apenas um bode expiatório. O Palmeiras deu pouco trabalho a Cássio em 180 minutos e já havia passado do Santos na bacia das almas. Há muitas coisas para serem resolvidas na constelação palestrina.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.