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Julio Gomes

Cristiano Ronaldo é o maior atacante que já vimos

Julio Gomes

04/04/2018 04h00

Eu amo Romário. Ronaldo, nem tanto. Um marcou minha infância com sua metamorfose, seus gols, até suas frases marrentas. O outro marcou minha carreira profissional pela falta de empatia e simpatia. Por isso, talvez, sempre preferi Romário a Ronaldo. Mas nunca deixei de valorizar o jogo do segundo.

É difícil saber o que teria sido de Romário se ele tivesse escolhido se manter no alto nível europeu, em vez de voltar ao já decadente futebol brasileiro. É difícil saber o que teria sido de Ronaldo, não fossem as tantas lesões. Difícil saber o que teria sido da seleção na Copa de 98, fosse essa a dupla de ataque dos sonhos.

Ambos foram craques. Gênios. Jogadores que marcaram época, com auges nos anos 90.

Van Basten também foi gênio. Gerd Muller. Batistuta. Klinsmann. Raúl. Vixe, teve tanta gente que meteu tantos gols.

Mas nenhum fez o que faz Cristiano Ronaldo. O atleta perfeito. Dedicado, profissional, correto nas palavras e atitudes, bom companheiro de time, recordista de gols na maior competição de clubes já inventada, campeão da Europa com uma seleção que nunca havia vencido nada. Capaz de rivalizar e dividir Bolas de Ouro com Messi, um gênio, um artista como poucos foram na história.

Messi, Maradona, Cruyff, Di Stefano, Pelé, Zidane. Esses caras não eram atacantes. Eram (ou são, no caso de Messi), TAMBÉM atacantes, fazedores de gols. Mas eram (ou são) mais do que isso.

Cristiano Ronaldo está no topo da lista de atacantes que já vi jogar. Não é o maior ou melhor jogador que vi jogar. Mas, na categoria atacante, striker, delantero… não tem para ninguém.

Já estava na minha. Mas, depois da bicicleta de Turim, talvez tenha entrado na lista de outros milhares pelo mundo. Creio que muita gente, emocionalmente envolvida pelas Copas de 94 e 2002, vencidas pelo Brasil nos pés de Romário e Ronaldo, não se dê conta do tamanho de Cristiano.

Da envergadura adquirida por ele nos quatro cantos do planeta, em uma época de futebol global e concentração de todos os melhores jogadores do mundo no mesmo torneio (a Champions). Da dificuldade que é fazer essa quantidade de gols em um futebol jogado de outra maneira, em que se defende mais, se corre mais, são dados menos espaços e muito menos tempo de reação aos atacantes.

Respeito todas as opiniões contrárias à minha (e sei que serão muitas, especialmente no Brasil). Afinal, a minha "verdade" não passa de opinião, uma opinião sobre um tema que se pode debater eternamente, pois não haverá nada que prove quem foi melhor. Não tem como medir.

Eu nunca achei que colocaria alguém à frente do Baixinho. Nunca achei que fosse aparecer um Ronaldo que fosse mais determinante que… Ronaldo.

Romário e Ronaldo foram tops. Monstros da arte de fazer gols.

Mas Cristiano Ronaldo é o top dos tops. O monstro dos monstros. Nunca houve um atacante esse cara.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.