Amistosos são marcados por equilíbrio, e sul-americanos ganham todas
A Copa de 2014 já deu a letra, a Euro-2016, eliminatórias e os amistosos internacionais de sexta-feira comprovaram. Nunca a frase "não tem mais bobo no futebol" foi tão atual e verdadeira. Esporte globalizado, informação disseminada, intercâmbio. Hoje em dia, só não está atualizado no futebol quem não quer.
Isso gera equilíbrio, nivelamento. Especialmente no universo das seleções, em que há pouco tempo de treino e muito menos entrosamento do que no universo dos clubes. Qualquer seleção sem expressão é capaz de se defender bem contra um país com mais história.
Portugal foi eliminado na primeira fase da Copa de 2014 para depois conquistar a Euro 2016. A Holanda, semifinalista em 2014, nem mesmo se classificou para a Euro e para a próxima Copa. A Alemanha foi capaz de meter 7 no Brasil, mas antes disso precisara de prorrogação para eliminar a Argélia. A Islândia, que nunca havia se classificado para nada, eliminou a Inglaterra na Euro e chega ao Mundial da Rússia com esperanças de passar de fase.
As cabeças mais tradicionais piram! Os "analistas" de peso de camisa erram uma atrás da outra. O futebol virou uma bagunça.
São muitos os indícios de equilíbrio. Por isso tão fácil como fazer aquela listinha básica de favoritos para a Copa é imaginar que qualquer um que não apareça nessa listinha possa não só fazer um bom papel mas, por que não, ser campeão. Seleções como Bélgica, Portugal, Uruguai, Colômbia, México, Inglaterra ou Polônia podem perder de qualquer um nas oitavas. Assim como podem ganhar de qualquer um e chegar à final.
Amistosos não costumam valer para muita coisa no futebol. A exceção são justamente esses amistosos realizados a menos de três meses da Copa. Tivemos ontem o primeiro dia de cheio de jogos, o outro será terça. São partidas em que seleções jogam para valer, para medir o nível de competitividade, técnicos fazem ajustes táticos, jogadores tentar aproveitar a chance de se garantir na lista final.
E o que vimos na sexta-feira?
Um jogo absurdo entre Espanha e Alemanha, as últimas campeãs, mostrando que vem nível alto por aí.
Vimos um tremendo equilíbrio em quase todos os jogos e as seleções sul-americanas, que já foram muito bem em 2014, vencendo todos os seus duelos.
O Brasil fez 3 a 0 na Rússia em Moscou, mas sofreu no primeiro tempo contra a retranca bem montada e poderia ter sofrido um gol quando o jogo ainda estava empatado. A Argentina, mesmo sem Messi e Aguero, fez 2 a 0 na Itália, que está fora da Copa, e dá sinais de vida com Sampaoli. O renovado Uruguai ganhou por 2 a 0 da República Tcheca e dá a impressão de quem coisa boa aí.
Mas os grandes resultados do dia foram conquistados por Colômbia e Peru.
A Colômbia foi a Paris e saiu de um 0 a 2 para vencer a França por 3 a 2. Com uma incrível geração de jogadores jovens, que chega para se mesclar com uma já ótima geração anterior, a França é uma das candidatas a título. A derrota é um golpe de atenção importante. E mostra como a muito boa seleção colombiana pode fazer estragos.
E o Peru, em Miami, venceu a Croácia por 2 a 0 jogando de forma consistente, muito organizada taticamente e ainda sem Guerrero. A seleção croata, muito boa no papel e que sempre parece a um passo de fazer algo grande, tem muitos problemas. Técnico novo, desconexão em campo e pouco tempo de ajustes até a Copa.
Além das sul-americanas, o México, de Osorio, meteu 3 a 0 na Islândia. A Costa Rica ganhou de 1 a 0 da Escócia. Só o Panamá caiu, 1 a 0 para a Dinamarca.
Entre as africanas, a Nigéria ganhou da Polônia, que é cabeça-de-chave, por 1 a 0. Marrocos ganhou da Sérvia, adversária do Brasil, por 2 a 1. A Tunísia fez 1 a 0 no Irã. E o Egito ganhava de Portugal até os 45min do segundo tempo, mas levou dois gols de Cristiano Ronaldo nos acréscimos. Só Senegal decepcionou ao ficar no 1 a 1 com o Uzbequistão.
Sempre soubemos que as grandes seleções sul-americanas, Brasil e Argentina, são capazes de competir e vencer as grandes europeias. O que vimos pelos resultados de sexta, comprovando a tendência desta década, é que a diferença das seleções médias da Europa para sul-americanos e africanos não existe mais. Pelo contrário.
Ironicamente, é no palco dos clubes europeus que essa turma toda, do mundo todo, atua. E melhora.
Quem olha para os grupos da Copa, facilmente aponta que esse e aquele país vão ganhar seus grupos. "O grupo do Brasil é baba! Argentina será primeira! Rússia e Uruguai passam para as oitavas!". E por aí vai. Eu não estaria tão certo.
O futebol de seleções já não é tão óbvio. Faz tempo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.