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Julio Gomes

Alemanha e Espanha fazem jogaço e mandam recado para o mundo

Julio Gomes

23/03/2018 18h44

Na Alemanha, todo mundo acredita, esteja bem ou mal. A história vencedora a credencia. Já a Espanha não costuma despertar a mesma fé por esta e outras bandas. Apesar da Copa de 2010, das Euros de 2008 e 12, do sucesso retumbante no futebol de clubes, muitos ainda duvidam da Espanha.

Não deveriam. E, quem ainda duvidar, poderia assistir ao VT do amistoso desta sexta, disputado em Dusseldorf. Alemanha e Espanha empataram por 1 a 1, mas o jogo merecia mais gols. Foi uma partida de altíssima qualidade, intensidade, mais parecia um duelo de Copa do que um amistoso.

É um cheiro para o que vem aí na Copa. Quem quiser ganhar vai ter de competir neste nível.

A Espanha já fez a transição que precisava depois do ciclo vitorioso e da pequena depressão de 2014-16. Foram-se Casillas, Xavi, Villa, Torres e outros. Não é fácil a atualização de jogadores, de sistema e a manutenção da fome e da química.

Isso tudo parece estar funcionando agora, e o jogo contra a Alemanha foi o cartão de visitas às vésperas do Mundial.

Em alguns momentos do primeiro tempo, a Espanha colocou a Alemanha na roda, simples assim. O meio de campo de "jugones", com Koke, Thiago, Iniesta, Silva e Isco trocava passes como se fosse um treino ou um jogo contra uma seleção menor. No banco, entrando no segundo tempo, gente como Asensio, Saúl, Diego Costa…

A Espanha já passou do tiki taka lento e está jogando com posse e controle, mas também com velocidade e verticalidade. É um timaço. E ainda faltou Busquets para fazer o trio defensivo consistente de veteranos com Piqué e Ramos.

Estivesse Busquets na cabeça da área e talvez Mueller não tivesse acertado o chute maravilhoso que decretou o empate. Porque a Alemanha é isso aí. Pode até estar na roda, mas nunca perde o foco e a fé. E a Alemanha não é só mentalidade forte, como sabemos. É muita bola também. Mas ainda é uma seleção que, apesar de competitiva, não concluiu totalmente a transição desde o título de 2014.

No segundo tempo, conseguiu encarar melhor a Espanha. Depois, vieram as substituições, a Espanha voltou a ser melhor. E os goleiraços, De Gea e Ter Stegen, fizeram questão de garantir a manutenção do 1 a 1.

Espanha e Alemanha usaram o amistoso para ver em que pé estavam. O que elas viram, e todos nós vimos, é que o sarrafo está lá no alto. São duas super candidatas a título na Copa da Rússia.

Na terça-feira, a Espanha jogará contra a Argentina. E a Alemanha enfrentará o Brasil. Será a hora de vermos em que pé estão os dois gigantes sul-americanos. Alguns podem se surpreender. Para bem ou para mal.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.