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Julio Gomes

Zidane e Asensio apagam a constelação do PSG

Julio Gomes

06/03/2018 18h33

Com toda a licença do mundo a Cristiano Ronaldo, pelos gols feitos, e até mesmo Neymar, pela sentida ausência, mas Zinedine Zidane foi o nome próprio da classificação do Real Madrid contra o Paris Saint-Germain pela Liga dos Campeões.

No primeiro jogo, ele já havia feito uma leitura perfeita da configuração tática do PSG, colocando Asensio em campo e definindo a partida com dois gols no fim. Para o segundo jogo, Zidane mostrou novamente ser um técnico subvalorizado por muitos – inclusive este escriba, em muitos momentos.

Não é qualquer um que tem a coragem de deixar no banco de reservas jogadores como Bale, Kroos e Modric. Não basta ter respeito dos próprios jogadores e apoio dos chefes para fazer algo assim. É necessário ter um plano. E Zidane tinha um plano.

Com as entradas de Asensio, Lucas Vázquez e Kovacic no meio, foi formada uma linha de quatro com Casemiro. Foram os quatro jogadores que mais quilômetros percorreram no primeiro tempo, dando consistência defensiva ao time e ao mesmo tempo dando volume ofensivo quando a bola era recuperada.

O PSG mantinha a posse com Motta, Rabiot e Verratti, mas muitos metros separavam os meio-campistas dos atacantes. Faltava Neymar flutuando pelo meio para fazer as associações entre linhas, papel que Di María não conseguiu desempenhar.

Só nos 5 minutos finais o PSG conseguiu finalizar a gol e criar suas duas melhores chances – em uma delas, Mbappé preferiu chutar em vez de dar o gol a Cavani, uma decisão para lá de equivocada. Antes disso, Areola havia feito duas ótimas intervenções.

No segundo tempo, o plano de Zidane triunfou. Asensio roubou bola de Daniel Alves, avançou, recuou e encontrou um passe precioso para Vázquez, que cruzou para Cristiano, sempre ele, fazer o 1 a 0.

Asensio ou Mbappé? Por enquanto, o espanhol é o jogador jovem de melhor prospecto na Europa. Mbappé foi muito mal na eliminatória de Champions.

O PSG foi para cima, criou chances, empurrou, mas o estrago já estava feito. E Verratti não ajudou nada xingando o árbitro e sendo expulso tolamente – ótimo jogador, mas é bom lembrar que foi ele que, um ano atrás, fez uma falta estúpida no goleiro (!) do Barcelona, habilitando o time catalão a jogar a bola na área e marcar o sexto gol daquela remontada histórica.

Um rebote na área acabou em empate de Cavani. Mas logo o Real Madrid voltou a marcar, com Casemiro – parece que todos os gols deles saem de desvios. Rabiot, que não acompanhou Vázquez no primeiro gol e entregou a bola de volta para a área suavemente no segundo, foi o pior do PSG em campo.

O fato é que no duelo entre quem é e quem quer ser, o Real Madrid mostrou ao PSG que, para ser campeão europeu, o clube francês ainda tem muito arroz e feijão para comer. Pequenos erros na tomada de decisões geram prejuízos incríveis. Times que chegam mais, como o Real Madrid, estão mais habituados a estes momentos.

Era querer demais que logo no primeiro ano de Neymar o PSG fosse campeão europeu? Talvez. O fato é que o PSG tem ficado há alguns anos a um passo das semifinais, de conseguir algo grande, e Neymar seria esse passo. Não desta vez.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.