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Julio Gomes

Vasco volta a empolgar e faz seu torcedor sonhar

Julio Gomes

15/02/2018 00h00

O Vasco fez um ótimo primeiro tempo, caiu no segundo, mas conseguiu uma ótima vitória por 4 a 0 sobre o Jorge Wilstermann, da Bolívia. Foi a partida de ida da última fase eliminatória antes das fase de grupos da Libertadores da América.

A volta, semana que vem, será na altitude de Sucre. Já sabemos de longa data que, na altitude, o bicho pega.

Este mesmo Jorge Wilstermann ganhou os seis jogos que fez em casa na Libertadores do ano passado – entre as vítimas, Palmeiras, Atlético-MG, Peñarol (levou 6) e River Plate (levou 3 a 0, mas depois fez incríveis 8 a 0 na partida de volta das quartas de final). Fora de casa, além da humilhação na Argentina, o time boliviano só apanhou e arrumou o 0 a 0 contra o Galo.

Isso é muito comum de vermos na Libertadores. Times que em casa, na altitude, ganham de todo mundo. Fora de casa parecem uma equipe de várzea.

Mas, convenhamos, 4 a 0 é um placar virtualmente impossível de ser revertido. Mesmo na altitude.

O Jorge Wilstermann ainda criou boas chances de gol no segundo tempo, empurrou o Vasco para trás e deixou São Januário em silêncio por minutos. Em algum momento, o jogo poderia ficar tanto 2-1 quanto 3-0.

Para sorte dos cariocas, foi para o 3 a 0 no belo chute de Pikachu no finalzinho. E ainda saiu o 4 a 0 nos acréscimos, com Rildo. O terceiro gol poderia ter saído antes, se o árbitro não tivesse deixado de marcar, sobre Reascos, um dos pênaltis mais escandalosamente não marcados dos últimos tempos.

O Vasco começou o ano em meio ao turbilhão político de sempre, perdeu jogadores, mas o time conseguiu se manter alheio a isso. Quietinho, como sempre, Zé Ricardo montou um time rápido, pegador, dedicado e com muito talento nos pés dos meninos Paulinho e Evander, da base. Rapidamente, o torcedor, que estava contagiado pelo racha dos bastidores, voltou a se unir e sorrir.

E pode sonhar, sim senhor.

Tem muita água para rolar na temporada. Mas, ao contrário dos badalados Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo, o Vasco foi o único grande a realmente superar barreiras importantes neste primeiro mês de temporada.

No ano passado, o Botafogo conseguiu carregar por quase toda a temporada o momento emocional de ter superado pelas fases eliminatórias prévias da Libertadores. Será que o Vasco repetirá o feito?

Confirmando a classificação, cairá em um duro grupo 5, com Cruzeiro, Racing e Universidad de Chile. No ano passado, o Botafogo também caiu em um grupo fortíssimo, com Atlético Nacional (então campeão), Estudiantes e Barcelona de Guayaquil. E passou.

Muitos colocarão o Vasco como patinho feio deste grupo. Mas, em Libertadores, convém não duvidar de nada nem de ninguém.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.