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Julio Gomes

Tottenham domina a Juventus e leva resultado enorme a Londres

Julio Gomes

13/02/2018 19h43

Que maravilha! A Champions League está de volta. E o nível vai lá para a estratosfera quando começam as fases eliminatórias. Na Suíça, o Manchester City, de Guardiola, enfiou logo 4 a 0 no Basel – ou seja, já está praticamente garantido nas quartas de final pela segunda vez em sua história e deu mais uma incrível demonstração de força.

Mas o jogaço mesmo foi disputado em Turim, onde Juventus e Tottenham ficaram no 2 a 2.

A Juve, fortíssima em casa, abriu 2 a 0, mas cedeu o empate e tem que agradecer aos céus por não ter saído derrotada. O Tottenham não se assustou com o cenário e fez uma partida espetacular na Itália.

Para se ter uma ideia do tamanho do feito, a Juve não levava dois gols em casa desde outubro, quando perdera para Lazio por 2 a 1 – aquela foi a quebra de uma invencibilidade caseira de 41 partidas e dois anos. A Juve não levava dois gols em um jogo qualquer desde uma derrota por 3 a 2 para a Sampdoria, em novembro, em Gênova. Nos três meses desde então, haviam sido 16 partidas disputadas e apenas UM gol sofrido.

É verdade que a Juve não tinha Barzagli, Matuidi e Dybala, mas o começo do jogo apagaria qualquer desfalque. A grande notícia desse duelo foi a personalidade monstra do Tottenham em campo. Jogou melhor por 80 minutos, poderia até ter virado e leva um grande resultado a Londres.

A Juventus começou a 200 por hora. Antes que o Tottenham entendesse em que cidade estava, para que lado deveria atacar, onde estavam seus torcedores e se a bola era redonda ou não, já estava 2 a 0.

Dois gols de Higuaín em 9 minutos. O primeiro, em jogada ensaiada, após falta cobrada por Pjanic, e o segundo convertendo pênalti sofrido por Bernardeschi.

A Juventus poderia ter mantido o ritmo de jogo. O Tottenham estava tonto, contra as cordas. Mas aí, meio que automaticamente, recuou. Recuou demais. Acreditava que naturalmente poderia dar a bola ao Tottenham e matar a eliminatória nos contra ataques.

Foi um jogo que lembrou muito a semifinal da Champions de 99. A Juventus, que vinha de três finais seguidas, abriu rápidos 2 a 0 sobre o Manchester United. Recuou tanto que levou a virada do rival inglês e foi eliminada. Outros tempos, claro.

Pudemos ver, nesta terça, a incrível maturidade adquirida pelo Tottenham nos últimos anos. Com Dele Ali e Eriksen flutuando entre as linhas de marcação, laterais subindo e espalhando o campo e Kane azucrinando os zagueiros, o time inglês foi empurrando a Juventus para trás. Muita personalidade, para um time que perdia fora de casa para uma gigante do futebol europeu.

Na primeira chance de Kane, Buffon defendeu o cabeceio à queima roupa. Na segunda, defendeu com a ponta dos dedos. Na terceira, não teve jeito. Kane conseguiu, aos 35min, o importante gol fora de casa.

Após uma jogadaça de Douglas Costa, que fez uma boa partida pelo meio e foi destaque, a Juventus ainda conseguiu outro pênalti no fim do primeiro tempo. Mas Higuaín, que havia desperdiçado uma boa chance em contra ataque, chutou no travessão. Desperdiçou o hat trick e uma vantagem enorme para ser levada para o intervalo.

No segundo tempo, o jogo perdeu ritmo. Até porque o 2 a 1 não estava mau para ninguém. A Juventus decepcionou, porque em nenhum momento apertou para ampliar a vantagem. O Tottenham manteve a posse de bola, jogou no campo da Juve, mas sem se expor demais.

Ganhou um prêmio após falta sofrida por Dele Ali nas proximidades da área. Eriksen bateu rasteira, no canto de Buffon, que deu um passinho para o lado e levou o gol no contrapé. Falha (raríssima) de Buffon.

O 2 a 2 colocou justiça no placar, o Tottenham fez por merecer o resultado.

E agora joga por qualquer vitória e empates por 0 a 0 ou 1 a 1 para se classificar em Wembley. O favoritismo vai todo para o time inglês, e a Juve que se vire para fazer em Londres o que não fez em casa.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.