Topo

Julio Gomes

Real Madrid? Quando se trata de Neymar, sempre que teve fumaça, teve fogo

Julio Gomes

29/01/2018 04h00

Muitos gols, dribles, títulos, polêmicas, conflitos, selfies e… especulações. É inegável que a carreira de Neymar tem sido marcada por tudo isso até agora. Não é possível ficar à margem. Alguns amam tudo, do jogo ao estilo. Alguns odeiam tudo, do jogo ao estilo. Alguns amam Neymar em campo, odeiam fora. Tem de tudo.

E se os gols, dribles, títulos, polêmicas e conflitos acontecem em mais ou menos quantidade em função do momento da temporada, tem uma coisa que não muda. As especulações sobre o futuro de Neymar rondam sua carreira inteira, desde o início. E, quando houve fumaça, houve fogo.

Agora, a fumaça é Neymar no Real Madrid.

Isso mesmo. O cara mal chegou ao PSG, na maior transação de todos os tempos, e esquenta cada vez mais o papo de Neymar no Real Madrid.

Quando ele estava no Santos, havia fumaceira o tempo todo. Mas nunca houve tanta fumaça quanto em 2011. E ano e meio depois confirmou-se a ida dele para o Barcelona, em um acordo fechado com o pai em… 2011.

Já no Barcelona o fumacê foi constante desde o início, mas se intensificou no meio de 2016. Só não foi ao PSG naquele momento porque, na hora H, o jogador não quis. A fumaça foi aumentando até que, no meio do ano passado, veio o incêndio.

E agora, em meio a algumas vaias de torcida, algumas especulações sobre insatisfação em Paris, alguma desavença de vestiário, etc, etc, aparece a fumaça branca. Fumata madridista.

Vamos lembrar que o namoro Neymar-Real Madrid é antigaço. Eu entrevistei o garotinho Neymar nas arquibancadas do Bernabéu ainda em 2006 (vídeo está aqui). Seu empresário e muita gente do staff sempre preferiram o Real ao Barça – foi o jogador que quis vestir a mesma camisa de Messi.

Após a goleada de sábado sobre o Montpellier, pela Ligue 1, Neymar finalmente se pronunciou – após dois meses em silêncio. O vídeo está aqui. Tire suas conclusões.

"Especulação sempre vai existir. No Santos sempre existiu. No Barcelona, toda janela de transferência tinha algo com o meu nome. É impossível ficar fora disso, né?", disse Neymar.

O amigo João Castelo Branco insistiu, pedindo uma palavra para pôr fim na possibilidade de sair para o Real. "Já falei, especulação sempre existe, não vou estar repetindo toda hora".

Eu não acho que seja "impossível ficar fora disso". Basta se pronunciar mais claramente. Ou então que seu staff pare de vazar a outros clubes a possibilidade de saída. Ainda no Barcelona, Neymar foi literalmente oferecido a PSG, City e United, os únicos três que teriam bala para pagar a multa. Se o cara é oferecido, aí realmente fica "impossível ficar fora disso".

Se teve uma coisa que Neymar NÃO fez no sábado foi ajudar a dissipar a especulação. A minha leitura é que deixou a porta escancarada para sair.

Eu não vejo o PSG liberando Neymar facilmente. E não vejo Neymar ao lado de Cristiano Ronaldo no Real Madrid.

Há algumas estrelas que precisam ficar alinhadas para que essa transferência ocorra. Uma saída de CR7 do Real e, talvez, um título de Champions para o PSG (o site Goal.com noticiou que o presidente do PSG teria feito essa promessa ao jogador, basta clicar).

Não acredito que Neymar vá para o Real Madrid sem que essas duas coisas ocorram. E tampouco acredito que Cristiano Ronaldo toparia ser negociado com o PSG se for um modelo CR7 mais dinheiro por Neymar. Aí o orgulho falará mais alto.

Vamos ver.

Em questão de semanas, a fumacinha virou fumaçona. E, quando se trata de Neymar, fumaça é fogo. Se não for agora no fim desta temporada, será na próxima, no meio de 2019. Mas que tem toda a pinta de que Neymar se vestirá de branco, isso tem.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.