Zidane inventa, erra feio, e Barça "mata" o Real Madrid na Liga
Zinedine Zidane vai completar em janeiro dois anos à frente do Real Madrid. Neste período, ganhou uma Liga Espanhola e duas Champions League seguidas, o que nunca havia acontecido na era moderna da competição. O francês se notabilizou por não inventar. É um ex-craque, que conhece o clube, a linguagem necessária para estimular e fazer com que os seus jogadores funcionem em campo. Nunca pareceu ser um gênio tático ou um mestre das substituições durante os jogos.
Hoje, Zidane inventou. O Real levou 3 a 0 na testa. E a Liga acabou.
Zidane tirou Isco do time, colocou Kovacic. No primeiro tempo, a estratégia de ganhar o meio de campo até que deu certo em alguma medida. O Real Madrid teve a posse de bola e, jogando pela esquerda, Cristiano Ronaldo criou muitos problemas para o Barça. Mas faltava criatividade, o último passe. O passe de morte. Faltava Isco.
É verdade que Messi mal pegou na bola. Quando conseguiu, encontrou um lançamento para Paulinho, na única chance do Barça no primeiro tempo. Aliás, Paulinho já justificou com sobras o investimento. Sem Neymar, o Barça passou a jogar em um 4-4-2 que só dá certo porque Paulinho tem muita chegada no ataque.
O primeiro tempo foi do Real Madrid, mas as chances criadas foram poucas – basicamente uma rara furada de Cristiano Ronaldo e uma grande defesa de Ter Stegen. No segundo tempo, o Barcelona voltou muito melhor. Com Rakitic mais próximo de Busquets e o time mais compacto no meio, aliado a um Real Madrid "mole", começaram a surgir os primeiros contra ataques para o Barcelona.
Num deles, criado por Busquets e puxado por Rakitic, Kovacic fingiu que não era com ele, Casemiro estava muito recuado e saiu o gol de Suárez. Mesmo assim, Zidane demorou para reagir. Nada fez. Até que saiu o segundo gol, em pênalti anotado por Messi e com expulsão de Carvajal. Ali, a vitória do Barcelona ficou decretada.
O Real ainda tentou depois de Zidane tirar os dois volantes, Ter Stegen brilhou e sairia o terceiro gol nos acréscimos, de Vidal.
O preço pago pelo Real Madrid pelos erros de Zidane é altíssimo. A derrota por 3 a 0 para o Barcelona é a quinta nos últimos sete superclássicos disputados no Santiago Bernabéu. Em Madri, quem manda é o Barça. Não à toa, vimos algo raro neste sábado: um time vaiado pela própria torcida.
Antes de começar a temporada, o Real Madrid era destacado favorito para ganhar o Campeonato Espanhol. Nos duelos entre os dois gigantes na Supercopa, no início da temporada, o Real atropelava um Barça em depressão, que perderia Neymar para o PSG. Naquela ocasião, Piqué, um ícone da Catalunha e do clube, disse o seguinte:
"Pela primeira vez, em anos, me sinto realmente inferior ao Real Madrid".
Piqué estava correto. Havia um abismo entre os clubes. Mas talvez essa noção e o fato de terem vencido tudo foram fatores que geraram desatenção no Real Madrid. O time começou mal a temporada, com tropeços pouco usuais.
Enquanto isso, o Barcelona ia vencendo, vencendo, vencendo. Mesmo sem Neymar. Mesmo com tantas lesões. Mesmo com a seca de Suárez. Mesmo sem encantar. Mesmo com toda a fervura política na Catalunha. O Barça fechou os ouvidos e foi vencendo, vencendo, vencendo.
Chegamos ao clássico deste sábado, e o Real Madrid precisava vencer para sobreviver. Perdeu. E o Campeonato Espanhol virou missão impossível. São 14 pontos de desvantagem (que podem ser 11, porque o Real tem um jogo a menos). Até hoje, na história da Liga, a maior "remontada" foi de 9 pontos.
Zidane será muito pressionado nas próximas semanas, até as oitavas de final da Champions, contra o PSG. Neste momento, o Real Madrid seria presa fácil para o time francês. Algo está acontecendo nos bastidores, e possivelmente alguns destes atritos virão a público nos próximos dias.
Vamos ver como Zidane vai se virar para reencontrar o time e a forma de vencer.
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