Grêmio de hoje tem bola para vencer o Real Madrid (que não é mais o mesmo)
O Grêmio foi ao longo do ano, sob a batuta de um remodelado Renato Gaúcho, o único time que jogou futebol ofensivo no Brasil. É o melhor time do país, aquele que não tem problema algum com a bola e muito menos pavor de tê-la em seus pés. Um Grêmio que nada tem a ver com as raízes gremistas, mas que tudo tem a ver com as raízes do futebol brasileiro.
O título da Libertadores foi merecido e a festa perdurará por alguns dias. Logo depois, vem o Mundial. Será que esse Grêmio de Renato é tão bom que chega ao nível de um time de alto escalão europeu?
Não, claro que não. Mas é um time que pode, sim, ganhar o Real Madrid se esta for a final do Mundial de Clubes da Fifa, daqui a menos de duas semanas, nos Emirados Árabes.
Se já eram os mais dedicados, agora os clubes sul-americanos ganharam uma outra vantagem enorme para a disputa do Mundial: a proximidade das datas.
O fato de a Libertadores ser disputada ao longo do ano todo faz com que o campeão logo viaje para a disputa do Mundial. Não há desmanche e não há aquela obsessão sendo construída ao longo de todo o segundo semestre. Aquele excesso de foco que se transforma em uma pressão vil para cima dos envolvidos.
O Grêmio chegará ao Oriente Médio deste mesmo jeito que jogou contra o Lanús. Voando. É um time pronto, entrosado e, o principal, com ritmo de jogo. Mais do que isso: ritmo de decisão.
Leia também no blog: Grêmio de Renato foi o melhor time do Brasil em 2017
Imaginem um confronto contra um Real Madrid na ponta dos cascos, como aquele que atropelou a Juventus na final da Liga dos Campeões?
Pois é. Aquele Real Madrid venceria qualquer time sul-americano mesmo se jogasse com vendas nos olhos.
Mas aquele Real não é o Real Madrid de hoje. O Real Madrid de hoje é um time com problemas. Que ocupa a quarta posição no Campeonato Espanhol, a longínquos oito pontos do líder. Que sofreu uma dura derrota para o Tottenham e acabou em segundo em seu grupo na Champions. Um time que no último fim de semana sofreu para ganhar do Málaga, que ocupa a zona de rebaixamento. É um Real que parece sem fome.
Agora a imprensa espanhola trata o retorno de Bale, após mais uma lesão, como a salvação da lavoura. Sendo que o time se acertou mesmo na temporada passada justamente com a lesão do galês e a entrada de Isco no meio de campo.
Cristiano Ronaldo andou falando que o nível caiu, devido às saídas de jogadores como Morata ou Pepe. Sergio Ramos andou retrucando. Dizem que os dois líderes do vestiário já não se bicam.
Campeão espanhol, após alguns incômodos anos de seca, e bi da Champions (o primeiro a conseguir o feito), o Real Madrid começou a temporada 17/18 com toda a pinta de um time a fim de construir uma dinastia. Era favoritaço na Espanha, ainda mais depois da saída de Neymar do Barcelona e dos fracassos do rival na janela de transferências, e era também o time a ser batido na Europa.
Talvez quando chegue o mata-mata da Champions, a partir de fevereiro, Zidane tenha conseguido levar o time novamente a um alto nível. Mas, neste momento, o Real não é o melhor da Europa. Há pelo menos cinco times jogando futebol de forma mais consistente. Na Espanha, o Real tem sofrido para vencer times que são, sem sombra de dúvida, piores do que o Grêmio.
O Real Madrid jogará contra a parede neste sábado, em Bilbao, contra o Athletic. Um rival histórico, um campo duro, e a possibilidade de chegar ao duelo 11 pontos atrás do Barça, que joga antes. Na quarta, quando o Grêmio já estará nos Emirados Árabes, cumprirá tabela pela Champions contra o Borussia Dortmund. No outro sábado, tem um jogo duríssimo, em casa, contra o bom time do Sevilla.
Só depois disso, destes dois jogos fundamentais pelo Espanhol, é que o Real Madrid viajará e pensará no "Mundialito".
E tem mais: sabem qual o jogo seguinte ao Mundial? Sim, o clássico contra o Barcelona, em 23 de dezembro. Não podemos descartar a hipótese de Zidane deixar de fora da eventual partida contra o Grêmio qualquer jogador que esteja mais cansado ou correndo risco de lesão.
A prioridade para o Real Madrid serão os jogos contra Athletic, Sevilla e, depois, Barcelona. A tabela é complicada, é uma benção para o Grêmio.
Um Grêmio, como já disse, que chegará inteiro e com ritmo.
É lógico que o favoritismo estará todo do lado do Real Madrid. É lógico que, em condições normais, o Real passará o carro sobre qualquer um. Mas o que quero dizer é que, neste momento específico da temporada, as condições não são normais.
A chave será não assumir a inferioridade, como os times sul-americanos naturalmente têm feito desde que o abismo foi criado e acentuado entre os melhores de lá e os melhores daqui, nas últimas duas décadas. Se o Grêmio mudar a sua postura e seu jeito de ser e quiser só se defender, fatalmente perderá. Não adianta querer se espelhar, por exemplo, no Inter de 2006 ou no Corinthians de 2012. É preciso evitar a armadilha que fez o Santos cair praticamente sem lutar contra o Barcelona, em 2011.
Não basta ficar atrás e estacionar o ônibus.
Mas se o Grêmio colocar em campo toda a bola e toda a coragem que tem mostrado pode, sim, surpreender um Real Madrid que vive seu pior momento desde o início do trabalho de Zidane. Pode competir pela bola no meio de campo e pode criar problemas para uma defesa que não está firme.
Se tudo der certo, Renato Gaúcho vai poder tirar onda de Cristiano Ronaldo ao vivo e a cores. Será?
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