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Julio Gomes

Um dia, o Corinthians precisará pedir desculpas a Pablo

Julio Gomes

26/11/2017 09h28

O Corinthians e seus dirigentes é quem sabem de suas finanças. É salutar ver um clube que não está nadando em dinheiro mostrar responsabilidade.

Se o que Pablo e seu empresário pediram está acima do que o clube considera justo (ou possível de pagar), é muito aceitável que as negociações sejam encerradas. Além do mais, não estamos falando do Gamarra ou do Maldini. É o Pablo. O segundo melhor zagueiro do time.

Neste ponto, o da responsabilidade, o Corinthians acerta em cheio.

No entanto, afastar o jogador totalmente do elenco e tirá-lo da festa do título me parece de uma insensibilidade inacreditável. Desumano, até.

Pablo atuou durante toda a campanha, foi importante, é campeão brasileiro, não se envolveu em polêmicas, em nenhum momento prejudicou a imagem do Corinthians ou a coesão do grupo.

Negociações nem sempre são suaves. Muitas vezes, as partes acabam diminuindo méritos alheios para chegar onde querem, isso gera atrito, fere sentimentos, etc. É do jogo. Ainda que isso seja comum no futebol, "gratidão" não deveria ser um fator na negociação.

Gratidão, no entanto, é dos sentimentos mais nobres do ser humano.

E por trás da instituição Corinthians e da "instituição" Pablo, representada por seu empresário, existem seres humanos. Agora pensem no ser humano Pablo, hoje, vendo os seus amigos levantando o troféu de campeão brasileiro a centenas de quilômetros de distância.

Ele não precisa mais jogar pelo Corinthians, vestir a camisa, etc. Mas não pode nem estar junto??

"Ah, mas Julio, foi tão desgastante que os caras não conseguem mais nem olhar um na cara do outro".

Não olhem, oras. Engulam por algumas poucas horas. O ambiente é tão leve e festivo que isso nem será lembrado daqui a alguns dias.

Deixar um campeão fora da festa do título é simplesmente errado. Um dia, o Corinthians precisará pedir desculpas a Pablo.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.