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Julio Gomes

Barça atropela a Juve. Quem tem Messi nunca está morto

Julio Gomes

12/09/2017 17h44

O Barcelona, após a dramática janela de transferências, é quem deveria ser o time desfigurado em campo. Mas não foi o que vimos no Camp Nou, na noite de abertura da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. Foi a Juventus, vice-campeã na temporada passada, que estava irreconhecível.

A Juve entrou em campo nesta terça sem cinco jogadores que começaram a final contra o Real Madrid e sem seis dos que fizeram aquele 3 a 0 em cima do Barcelona nas quartas de final da última Champions, em abril. Sem Daniel Alves, Bonucci e Chiellini, a intensidade defensiva caiu demais.

E tudo o que Messi precisa nessa vida é de um time desarrumado atrás.

Messi é cada vez mais um meio-campista. Está mais paradão. Não se movimenta como antes, não marca mais a saída de bola do rival e não fica buscando deslocamentos. Recebe a bola no pé. Às vezes, apenas devolve. Às vezes, resolve acelerar. E, quando acelera, sai de baixo.

Ernesto Valverde escalou o Barcelona de forma inteligente. Abriu Alba pela esquerda e jogou Dembélé lá para a ponta direita. O efeito foi nítido: Alex Sandro, uma das principais armas para a saída de bola da Juventus, ficou preso na marcação. Messi e Iniesta se encontraram pelo meio do campo, e Suárez caiu por todos os lados. Busquets ficou mais recuado.

Ainda assim, o Barça trocou muitos passes e chegou pouco no primeiro tempo. A grande chance veio no rebote de uma falta cobrada por Messi, Suárez chutou e obrigou Buffon a fazer grande defesa. Pouco a pouco, a Juventus foi avançando a marcação e conseguiu roubar bolas e ameaçar. O 0 a 0 do primeiro tempo era condizente com o jogo.

Mas, por mais que o Barcelona não pareça mais ou mesmo, alterne momentos de chatice pura com velocidade, mesmo que não tenha mais Neymar, o fato é que o time que tenha Messi, qualquer que seja ele, nunca pode ser considerado morto.

No último lance do primeiro tempo, Messi acelerou. Fez linda tabela com Suárez e bateu com precisão, no canto, sem chances para Buffon. Foi a primeira vez na carreira que Messi conseguiu fazer um gol em Buffon.

Na carreira de Buffon, só faltava ganhar a Champions e tomar gol do Messi. Agora só falta ganhar a Champions. E vai ser difícil. Porque a Juventus, além de menos intensa e coesa defensivamente, vai sentir falta da opção ofensiva que Daniel Alves dava na temporada passada (além do espírito competitivo). Claro que há muita temporada pela frente e Allegri tem tempo para encontrar alternativas. Mas, neste momento, a Juve não passa a segurança de outros anos. Foi um time apático no Camp Nou.

No começo do segundo tempo, Alex Sandro subiu pela esquerda (uma raridade) e Dybala teve a chance de empatar. Mas chutou por cima. Alguns minutos depois, Messi acertou a trave. Depois, em uma troca de posições com Dembélé, arrancou pela direita e cruzou, Rakitic completou na sobra. Ali, o jogo morreu.

A Juve tentou adiantar a marcação para buscar o renascimento no jogo. Resultado? Deu espaços. Com espaço, Messi fez um golaço, 3 a 0. A partir daí, até a Juve achou que estava de bom tamanho.

Coloquei o Barcelona na terceira prateleira de favoritos para a Champions e o mantenho por aí. Mas, para um clube que parecia despedaçado um mês atrás, Valverde está conseguindo encontrar soluções rapidamente. E, claro, quem tem Messi tem sempre esperanças.

Favoritos vencem com facilidade

Todos os favoritos ganharam bem, sem sustos, neste primeiro dia de fase de grupos. Nenhum deles sofreu um gol sequer.

No grupo A, o Manchester United fez 3 a 0 no Basel. O Benfica levou a virada em casa e perdeu para o CSKA Moscou por 2 a 1. Resultado péssimo para os portugueses nessa briga pela segunda vaga.

No grupo B, O PSG foi à Escócia e meteu 5 a 0 no Celtic. Neymar fez um, Mbappé fez outro, Cavani fez dois. É um ataque absurdo. O Bayern de Munique também passeou, 3 a 0 no Anderlecht. Na próxima rodada, tem o primeiro confronto entre PSG e Bayern. Entre eles, decidirão quem fica em primeiro e quem fica em segundo.

No grupo C, o Chelsea fez o dever de casa e enfiou 6 a 0 no debutante Qarabag. Roma e Atlético de Madri ficaram no 0 a 0 no Olímpico, um resultado melhor para o Atlético, logicamente.

E, no grupo D, além dos 3 a 0 do Barça sobre a Juve, o Sporting, fora de casa, abriu 3 a 0 sobre o Olympiacos. O multicampeão grego ainda fez dois gols no finalzinho, mas não conseguiu buscar o milagre. O Sporting está com 100% de aproveitamento na temporada e não pode ser descartado como uma ameaça à Juve neste grupo.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.