Topo

Julio Gomes

Neymar faz seu pior jogo com Tite. Tendência ou exceção?

Julio Gomes

31/08/2017 23h49

Neymar fez contra o Equador, em Porto Alegre, aquele jogo que só gosta quem tem carteirinha do fã clube. Individualista, nervosinho, agressivo com os rivais, pouco útil para o time. Prendeu a bola, buscou dribles em vez de passes, tomou as decisões erradas.

Fez um jogo mais parecido com os dos tempos de Dunga, em que a seleção brasileira era um amontoado à espera de Neymar para resolver as coisas. Com Tite, a coisa mudou. Neymar atuou sempre pela esquerda, perto do gol e com liberdade para afunilar, se associar, entrar na área e finalizar.

Esta é a melhor versão de Neymar. Em Barcelona, ele jogava pela esquerda, mas com pouca liberdade de movimentos e com muitas obrigações defensivas. No Brasil de Tite, passou a produzir mais jogando à vontade (mas com um posicionamento).

No primeiro jogo pelo PSG, contra o Guingamp, Neymar jogou de forma anárquica. Pelo meio, vindo buscar todas as bolas, "à la Messi", longe do gol e de seu melhor lugar no campo. Nos jogos seguintes, a coisa já se acertou e ele jogou de forma mais parecida à da seleção.

Eu acredito que a partida desta noite seja uma exceção, pelo fato de o Brasil já estar classificado. E não uma tendência, pelo fato de ele ter ido buscar liberdade e protagonismo no PSG. Mas isso é algo para vermos nos próximos jogos.

Não acredito que Tite tenha ficado feliz com a partida de seu melhor jogador. Os próximos dias terão implicações até a Copa. O treinador vai deixar isso claro internamente? Ou vai deixá-lo se sair com uma atuação assim?

Philippe Costinhas, perdão, Coutinho, por outro lado, mudou o jogo ao entrar. Ocupou a faixa central do campo, trouxe velocidade e dinamismo, empurrou Neymar para a esquerda e fez um golaço.

Com o mau jogo de Neymar e os ótimos minutos de Coutinho, capaz que o Barcelona ofereça 250 milhões de euros ao Liverpool e ainda bata no peito. A janela de transferências se fecha na Espanha nesta sexta.

A defesa não foi exigida, Willian e Gabriel Jesus foram muito bem, a estrela de Paulinho brilhou.

O time titular está testado e aprovado. Talvez, nas rodadas finais das eliminatórias, Tite possa testar jogadores e sistemas. Fica a dica.

A má notícia fica para o público. Dois terços do estádio ocupados. E o terço vazio? Certamente vazio pelos preços altos. Eles seguem achando que a seleção brasileira é só deles.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.