Será que vale trocar Brasileiro por Copa do Brasil? Foi o que Renato fez
O que é mais importante para o Grêmio? Ser campeão brasileiro ou da Copa do Brasil?
Para Renato Gaúcho, é a Copa do Brasil. Pelo menos este é o resultado de suas escolhas recentes, abrindo mão do Campeonato Brasileiro para focar esforços na Copa. Depois do inesperado tropeço corintiano no sábado, Renato podia ter mudado de planos. Mas não, escolheu novamente a Copa do Brasil. Se tivesse priorizado o Brasileirão era garantia de título? Não. Priorizar a Copa também não é.
Renato usou o time reserva do Grêmio quatro vezes no Brasileiro. Perdeu três (contra Sport, Botafogo e Palmeiras). E empatou sem gols neste domingo pela manhã contra um Atlético-PR que tinha sido derrotado três vezes pelos titulares nos últimos meses. O goleiro Paulo Victor foi o melhor jogador em campo, ou seja, poderia muito bem ter perdido. O Furacão criou as melhores chances.
Com reservas, conquistou 1 de 12 pontos possíveis. Atualmente, o vice-líder está 7 atrás do Corinthians na tabela. Faça as contas.
Contra o Atlético-MG, vitória por 2 a 0, duas semanas atrás, Renato usou um time reserva reforçado por Arthur, Pedro Rocha e Luan. Deu certo.
Este, a meu ver, é o grande questionamento. Por que Renato decidiu usar times inteiramente reservas, em vez de mesclar, poupando quatro, cinco, seis titulares? Contra o Galo, o misto venceu. Nos outros jogos, o time reserva perdeu – e, hoje, empatou. Se fossem usadas formações mistas, o Grêmio teria conseguido dar respiro a vários jogadores e teria aumentado as chances de colecionar pontos.
Contra o Sport (ainda na terceira rodada), mandou um time reserva depois de ter vencido o Fluminense na ida da Copa do Brasil por 3 a 1. O jogo de volta foi um fácil 2 a 0 no Maracanã. Precisava? Contra o Palmeiras, que também tinha reservas, o Grêmio poupou por causa da ida contra o Godoy Cruz na Libertadores. Contra o Botafogo, que também tinha reservas, o Grêmio poupou para a partida contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil. E neste domingo aconteceu o mesmo.
Ou seja, três dos quatro jogos de times inteiramente reservas foram antecedendo partidas da Copa do Brasil, e não da Libertadores. E, contra reservas de Palmeiras e Botafogo, o Grêmio poderia ter conquistado pontos que seriam muito mais complicados diante dos titulares destes times.
Vamos fazer um paralelo? Uma das grandes chaves para a temporada de sucesso do Real Madrid na Espanha foi Zidane ter usado muito os reservas em vários jogos. Mas sempre havia uma base de titulares na defesa e, vira e mexe, um ou outro titular no meio ou ataque. Eram times mistos. A consequência foi que os titulares chegaram voando fisicamente ao fim da temporada, e o clube foi bicampeão europeu.
"Ah, mas o elenco do Real Madrid é muito superior". Pois é. E mesmo assim Zidane usou times mistos, não inteiramente reservas. Renato Gaúcho, com um elenco mais limitado, ou seja, reservas bastante piores que os titulares, deveria ser mais ainda levado a este expediente.
Entre torcedores, imagino que haja vozes que concordem ou que discordem. A diretoria banca seu técnico – normal até, vamos lembrar que dirigentes são amadores e muitos devem morrer de medo de contrariar alguém que está fazendo tão bem ao clube.
As vozes discordantes só aparecerão se o Grêmio eventualmente for eliminado pelo Cruzeiro na quarta-feira.
Para o tamanho do Grêmio e a importância da agremiação para o futebol do país, ficar 21 anos sem ganhar o Brasileiro é muita coisa. O Brasileiro é o principal campeonato do país e discordo até de quem coloca a Libertadores em um patamar tão acima.
O torcedor pode achar o que quiser, gostar mais desse ou daquele, mas o Brasileirão é o ganha pão dos clubes. É o campeonato que dá mais dinheiro, a base de sustentação de todo o resto. Ganhar o Brasileiro mostra mais sobre a "superioridade" de um clube sobre os demais concorrentes do que a Libertadores.
E a Copa do Brasil? A Copa é emocionante, fantástica, muito legal. Mas o Grêmio já é o atual campeão e o maior campeão. Ganhar mais uma é bacana? Claro que é. Mas tem pouca relevância para a história do clube, se comparado a um título brasileiro nos pontos corridos.
Sou um defensor da ciência no esporte. A fisiologia, a preparação física, a nutrição, ainda bem, estão ganhando cada vez mais espaço. Não há dúvidas de que o insano calendário do futebol brasileiro obriga treinadores a fazer escolhas.
Apenas considero que Renato Gaúcho fez as escolhas erradas.
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