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Julio Gomes

Fenerbahce dribla fair play da Uefa e acerta com Giuliano por empréstimo

Julio Gomes

11/08/2017 13h41

O meia Giuliano, 27, conseguiu deixar o Zenit St Petersburgo, da Rússia, onde estava sendo barrado pelo técnico italiano Roberto Mancini, e acertou para jogar do Fenerbahce, da Turquia, por quatro anos.

Presente em todas as convocações de Tite para jogos oficiais e chamado para as partidas contra Equador e Colômbia, pelas eliminatórias, Giuliano precisava arrumar um time onde tivesse minutos e exposição para seguir nos planos e ir à Copa do Mundo do ano que vem.

O blog apurou que, para não ferir as regras do fair play financeiro da Uefa, o Fenerbahce acertou um empréstimo de um ano por 1 milhão de euros, com valor de compra fixado em 6 milhões (aproximadamente 22 milhões de reais) a ser pago no meio do ano que vem. Após o vencimento do contrato de empréstimo, pode ser efetuada a compra e assinado um outro contrato por três anos.

Giuliano teve sondagens da Sampdoria (Itália), da Real Sociedad (Espanha), clubes da Premier League e até da MLS americana, mas os interessados não chegaram a fazer propostas. Quem, de fato, ofereceu mais do que os 6 milhões de euros que o Zenit queria receber para negociar o meia foi o Trabzonspor, também da Turquia.

O brasileiro bateu o pé, disse que não aceitava ir para o clube, que é uma espécie de quarta força turca. O Zenit precisou aceitar uma proposta menor do Fenerbahce e só receberá o valor da compra no ano que vem. O clube russo pagou 7 milhões de euros para tirar o meia do Grêmio no ano passado.

O blog apurou também que Giuliano chegou a conversar com o técnico turco Aykut Kocaman, que volta ao clube. Em sua primeira passagem, levantou um título nacional (2011). A conversa foi essencial para o jogador se decidir pelo Fener, recusando a proposta do Trabzonspor.

O Fenerbahce, clube mais popular da Turquia e por onde já passaram Alex, Roberto Carlos e outros tantos brasileiros, só pode utilizar verbas provenientes de vendas para comprar jogadores. Não pode fechar o atual ano financeiro com déficit superior a 10 milhões de euros, senão pode ser sancionado. Para a temporada que vem, a limitação não existirá mais.

Na atual janela, vendeu o zagueiro dinamarquês Kjaer para o Sevilla por 12 milhões de euros e o atacante nigeriano Emenike para o Olympiakos por outros 2,5. Mas gastou 10 milhões para tirar o veterano atacante espanhol Roberto Soldado do Villarreal, 4,5 para levar Dirar, meia subutilizado no Monaco, e 1,5 para contratar o também veterano Valbuena, do Lyon e seleção francesa. O Fener ainda vai perder outro veterano, o holandês Van Persie, que deve assinar contrato para defender o clube que o revelou, o Feyenoord.

Uma semana atrás, o blog revelou em primeira mão que Giuliano, sem espaço e relegado ao banco de reservas com a chegada do técnico Mancini, pediu para a diretoria do Zenit liberá-lo. O clube russo sofreu uma reformulação na cadeia de comando e a atuação de novos empresários significou saída de brasileiros e entrada de argentinos no elenco (quatro foram contratados e são titulares do novo treinador).

Com o técnico anterior, o romeno Mircea Lucescu, que agora assumiu a seleção turca, Giuliano fez uma boa primeira temporada no Zenit. Atuou em 45 partidas, com 18 gols e 14 assistências, sendo artilheiro do clube russo no ano e com boas apresentações na Europa League. Assim, sempre fez parte dos planos de Tite.

O Fenerbahce também está na Europa League, mas ainda precisa passar da última fase pré-classificatória. Como já atuou pelo Zenit na mesma competição, Giuliano só poderia ser inscrito para a fase de grupos. E o clube terá de fazer uma ginástica e tirar alguém da lista, pois está limitado a um teto de inscritos na competição (novamente para respeitar as regras financeiras impostas pela Uefa).

O Campeonato Turco começa neste fim de semana, mas o brasileiro só deverá poder estrear na segunda rodada, justamente contra o Trabzonspor.

Campeão turco pela última vez em 2014 e só duas vezes nos últimos dez anos, o Fener tenta voltar a ter anos de mais relevância domesticamente e na Europa.

O futebol turco sempre foi dominado por Galatasaray (20 títulos),  Fenerbahce (19) e Besiktas (15, atual bicampeão), com títulos pulverizados entre o trio de Istambul e raríssimos momentos de domínio de um deles – o Fener, por exemplo, nunca venceu três ligas seguidas, e o último a conseguir o feito foi o Galatasaray de Fatih Terim, tetra nos anos 90.

Como mostra esta reportagem do UOL Esporte, os clubes turcos voltaram a fazer contratações de maior impacto nesta temporada, após sanções e limitações impostas pela Uefa.

O Galatasaray desembolsou 16 milhões de euros para contratar o volante Fernando, do Manchester City, zagueiro Maicon, do São Paulo, e o lateral Mariano, do Sevilla. Pagou outros 8 milhões para levar o meia marroquino Belhanda, do Dynamo Kiev.

O Besiktas, em busca do primeiro tri desde 1990-92 e com limitações financeiras, vendeu os zagueiros Rhodolfo, pro Flamengo, e Marcelo, pro Lyon. Trouxe Pepe, do Real Madrid, de graça, e gastou pouco para tirar o chileno Medel e o lateral Erkin, da Inter de Milão, e o centroavante Negredo, do Valencia. O time do técnico Senol Gunes tem os brasileiros Talisca (com mais um ano de contrato) e Adriano (lateral, ex-Barcelona) e é o rival a ser batido.

 

 

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.