Transferência de Neymar é a de maior impacto na Europa desde 2009
A compra de Neymar pelo Paris Saint-Germain é a negociação de maior impacto no futebol europeu desde 2009, quando o Real Madrid tirou Cristiano Ronaldo do Manchester United e Kaká do Milan. E muda a correlação de forças no futebol europeu.
O Barcelona perde seu badalado trio e agora vai precisar dar uma resposta e atacar o mercado. Neymar é a primeira peça do dominó. Dybala, da Juventus, e Philippe Coutinho, do Liverpool, são os alvos preferidos. O maior golpe seria tirar Mbappé do Monaco (e do Real Madrid). Já falaremos mais adiante do impacto para o time. E o PSG passa de "time com chances na Europa" para tão favorito quanto os outros gigantes. Muda de prateleira.
Se nos últimos cinco anos a Champions começava sempre com Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique como favoritos e dominantes, agora a chegada de Neymar põe o PSG nesse grupelho.
Desde que passou a ter as finanças arraigadas por dinheiro do Catar, o PSG deixou de ser uma força local (e nem tão forte assim) para se transformar em um player mundial. Ganhou quatro ligas francesas em sequência entre 2012 e 2016, mas sempre parou nas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa.
Na temporada passada, perdeu o Francês para um surpreendente (e já quase desfeito) Monaco e acabou nas oitavas da Champions, após levar aquele surreal 6 a 1 do Barcelona.
Foi justamente aquele o jogo mais memorável de Neymar com a camisa do Barça. Não estava sendo. Mas, no 7 minutos finais, ele colocou a bola embaixo do braço e foi responsável direto pelos três gols decisivos (com árbitro, Suárez e Sergi Roberto como coadjuvantes).
Talvez ali Neymar tenha se convencido de que precisaria viver longe da sombra de Messi.
Uma pena, para quem gosta de ver craques jogando com craques. Nas últimas três temporadas, vimos possivelmente o melhor trio de ataque da história. O melhor dos argentinos, o melhor dos uruguaios e um dos melhores atacantes brasileiros já produzidos. O supra sumo da América do Sul esteve reunido com a camisa do Barcelona.
Logo de cara, na primeira temporada, ganharam tudo. Na segunda temporada, o doblete doméstico. Na terceira, só mesmo a Copa do Rei. O declínio de resultados teve menos a ver com o trio, que sempre pareceu ser solidário e se dar bem em campo e fora dele, e mais a ver com um Real Madrid muito, muito forte e mais completo nas outras linhas (além de muito bom no ataque também).
Completar as linhas talvez seja o maior desafio para o Barcelona, muito mais do que conseguir um substituto imediato para Neymar.
Philippe Coutinho explodiu no Liverpool e seria uma troca imediata, caindo na mesma posição. Dybala, no entanto, seria uma contratação de mais peso. Porque seria tirado da Juventus, finalista da Champions passada, algoz do próprio Barça e uma adversária direta nesta temporada, apesar das saídas de de Daniel Alves e Bonucci.
Além de Dybala ser mais "fantasista", como Messi. Ele tem mais cara de substituto de Messi do que Coutinho ou até mesmo Neymar. E é um jogador de apenas 23 anos de idade, dois anos mais novo que Neymar.
Já que vai perder o brasileiro, o Barcelona acabará tentando negociar com o PSG a chegada de Verratti. O meio-campista italiano tem apenas 24 anos e tem características muito parecidas às de Iniesta – este sim em fase final da carreira, o que também explica o declínio do time na última temporada.
E a linha defensiva segue sendo o calcanhar de Aquiles do time. Nenhuma das quatro posições de trás tem jogadores de garantias (Piqué vive nítido declínio técnico, Mascherano está velho, Umtiti ainda não pode receber esse rótulo).
Real Madrid, Bayern de Munique, PSG, Juventus, Chelsea e Manchester United têm linhas sólidas. E o Manchester City foi atrás de Ederson para o gol, Walker, Mendy e Danilo para as laterais. Gastou 180 milhões de euros nesses quatro.
Agora, o Barça precisará escolher. Uma contratação de super impacto ou uma reformulação do elenco? Aposto na primeira opção, mas acredito que o correto seria a segunda.
Para analisar o PSG, é preciso aguardar o resto do mês. Até pela questão do fair play financeiro, o clube pode precisar vender algum ou alguns de seus jogadores mais valiosos nesta janela. Verratti, como já citei, ou Di María, que obviamente pode perder espaço no time com a chegada de Neymar.
Em 2008, fui o primeiro a publicar, na época no portal Terra, que Cristiano Ronaldo queria deixar o United para jogar no Real Madrid. Era a primeira vez que o português deixava claro o que queria, à parte as especulações de imprensa. Guardo com carinho todos os jornais da época, de diversos países, dando o crédito. Foi uma notícia de muito impacto lá, pouco aqui. Mas a troca se realizaria só um ano depois. Desta vez, o primeiro a publicar que Neymar realmente queria deixar o Barcelona para jogar no PSG foi o amigo Marcelo Bechler, do Esporte Interativo. Menos de um mês depois, a coisa aconteceu. Furos são muito raros hoje em dia. Palmas para Bechler!
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