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Julio Gomes

Neymar, acelerado, joga superclássico como se fosse o último

Julio Gomes

29/07/2017 23h16

O superclássico entre Barcelona e Real Madrid, na noite deste sábado, em Miami, acabou sendo dos mais divertidos. Nada como uma partida amistosa, o sonho de qualquer meia ou atacante, com defesas frouxas, espaço e ritmo acelerado.

Sempre levando em conta que era um jogo de pré-temporada, quando Real Madrid e Barcelona entram em campo, sempre sai faísca.

Mas sai muito mais faísca quando Neymar está em campo. Ainda mais no ritmo ultra acelerado em que só ele estava.

Começou o jogo e já sentiu o pé com 1 minuto. Parecia que sairia de campo, mas não saiu. Deu encontrão em Carvajal já fora do campo, jogando o lateral em direção ao alambrado, deu solada perigosíssima em Casemiro, depois chamou o compatriota pra dançar, arrumou cartão para Varane, provocou, irritou, deu passe para gol, perdeu outros dois feitos.

Neymar jogou em modo "reivindicação". E foi assim nos três jogos do Barcelona no tour pelos Estados Unidos – aliás, o Barça conquistou a simbólica "Champions Cup", sendo o único time a vencer seus três jogos, contra Juventus, Manchester United e Real (que, por sua vez, não ganhou de ninguém).

O que Neymar quis mostrar?

Que merece ganhar mais e assinar um novo contrato com o Barcelona, mais vantajoso financeiramente? Que o clube precisa saber exatamente o que está perdendo?

Sei lá. Aliás, como ele não fala, podemos ficar a vida toda especulando sobre o que se passa em sua cabeça, em seu coração.

Considerando a pilha em campo, o fato de ter brigado no treino com o recém-chegado Semedo e tretado até com um segurança, sexta, em Miami, podemos concluir que o rapaz está, no mínimo, confuso.

Meu palpite é que Neymar quis se despedir do Barcelona "a lo grande", fazendo uma grande partida contra o Real Madrid. Fez, de fato, um bom jogo, com assistências para o segundo e terceiro gols nos 3 a 2 do Barça, ainda que tenha perdido duas chances preciosas no segundo tempo.

O clássico foi uma delícia. Em 6min, o Barça vencia por 2 a 0. Mas o Real diminuiu e teve várias chances antes de Asensio empatar (olho muito aberto para esse jogador, promete demais na temporada). Logo no início do segundo tempo, Piqué fez 3 a 2. Neymar perdeu chances, e o goleiro Cillessen fez dois milagres em chutes de Isco para empatar. Poderia ter sido 7 a 7, 8 a 5, qualquer coisa do tipo. Foi 3 a 2. E agora os times voltam para casa, para a reta final de preparação para a temporada.

Neymar desembarca em Barcelona e a expectativa é de que seja anunciado pelo PSG na segunda-feira.

Veremos. Tem voo longo. Tem a chegada a Barcelona. Tem conversas. Tem água para rolar. Mas, pelo jeito que Neymar jogou a perna americana da pré-temporada, ficou um cheirinho de despedida.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.