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Julio Gomes

Que bom que Daniel Alves escolheu o futebol

Julio Gomes

03/05/2017 18h19

A final da Liga dos Campeões da Europa está mais do que desenhada. Salvo cataclisma, Juventus e Real Madrid se encontrarão novamente na decisão, 19 anos depois daquela final de Amsterdã. Em 98, o Real quebrou um jejum de 32 anos sem ser campeão da Europa. Agora, é a Juventus quem chega amargando uma fila de 21 anos.

A Juve encaminhou a vaga na decisão ao vencer o Monaco por 2 a 0, fora de casa, nesta quarta-feira.

Dois gols de Higuaín. Duas assistências brilhantes de Daniel Alves. Uma de calcanhar, outra em um cruzamento milimétrico no segundo pau.

Daniel foi escalado para jogar como quarto homem do meio de campo pela direita, como já ocorreu em outros momentos de sua carreira – inclusive na Copa de 2010. Vale lembrar que, no Barcelona, ele era um lateral "de mentira". Jogava como um atacante, um companheiro imprescindível de Messi, Xavi e cia limitada.

Como o Barcelona deixou Daniel Alves sair?

OK, OK, ele quis sair. Mas será que sairia, não fosse uma situação insustentável no clube?

O Barcelona pagou, ao longo da temporada inteira, o preço de perder Daniel Alves. Ficou sem saída de bola pela direita, o desempenho de Rakitic despencou, o time ficou torto e dependente das jogadas individuais dos atacantes. As diagonais de Daniel Alves, as tabelas, os passes de gol foram todos a Turim.

Daniel Alves poderia ter ido para a China. Especulou-se que ganharia o maior salário do futebol mundial. Poderia ter ido para os Estados Unidos. Poderia ter voltado para o Brasil, para sua terra.

Mas não. Ele escolheu o futebol.

Notou que ainda tinha gás. Que ainda podia melhorar como profissional. Foi jogar no futebol mais difícil do mundo, em um campeonato tático, em que movimentos e equilíbrio defensivos são o ar que se respira.

Daniel Alves pode jogar em várias posições do campo. E continua decisivo, como foi em Mônaco nos passes para Higuaín.

"Quando saí do Barcelona, disse que queria novos desafios. A Juventus está há muito tempo sem vencer a Champions. Quero ajudá-los a voltar a vencer esta competição. Venho para cá com este pensamento", falou Daniel ao chegar ao clube.

Muitos devem ter ignorado. Mas foram declarações quase proféticas. E ele segue trazendo impacto para o jogo na Champions.

O Monaco tem números ofensivos parecidos aos de Barcelona e Real Madrid na temporada. Um ataque magnífico, com o veterano Falcao e o promissor Mbappé lado a lado metendo muitos gols. Ainda assim, a Juventus não levou gol desse time – e cedeu poucas oportunidades.

Foi apenas o quarto jogo da temporada inteira em que o Monaco passou em banco (em 58 oficiais) – sendo que em dois deles atuou o time reserva e não havia necessidade do resultado. Em casa, é o primeiro jogo da temporada sem fazer gols (em 30 partidas).

 

A Juve é capaz que jogar recuada, com linhas fechadas e cedendo pouquíssimas chances. É capaz de jogar com a bola ou contra atacando. É um time de operários, com muita capacidade técnica, muita sincronia e muita vontade. Será uma justa finalista.

Blogueiros do UOL: Higuaín e Dani Alves encaminham vaga da Juventus para final

UOL Esporte

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.