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Julio Gomes

Real Madrid volta a lembrar o Atlético: "Nunca serão"

Julio Gomes

02/05/2017 18h36

Foi um muito bom jogo do Real Madrid e, de longe, a pior atuação do Atlético de Madri neste anos todos chegando às fases finais da Liga dos Campeões da Europa. No fim, a diferença foi novamente Cristiano Ronaldo.

O cara tinha dois gols nos oito primeiro jogos da Champions. Fez oito gols nos últimos três – os dois jogos contra o Bayern e o desta terça contra o Atlético. Os 3 a 0 no Santiago Bernabéu deixam o Real Madrid praticamente classificado para sua terceira final europeia em quatro anos.

É um time que faz pelo menos um gol desde um 0 a 0 com o Manchester City em 26 de abril do ano passado. 59 partidas consecutivas marcando. Se fizer um no estádio do Atlético, o rival precisará marcar cinco para se classificar. Em mata-matas, o Real Madrid nunca, na história, desperdiçou uma vantagem de três ou mais gols criada no primeiro jogo.

O fato é que a metamorfose promovida por Simeone nos últimos anos acabou sendo uma armadilha para o Atlético. O time raçudo, duro, defensivo dos primeiros anos foi dando lugar a talento e qualidade técnica. Não perdeu a solidez defensiva e ganhou muitas armas ofensivas.

Mas, contra o Real, ficou no meio do caminho. Não sabia se defendia ou atacava. Com 1 a 0 contra, no segundo tempo, se viu com a bola nos pés. Mas não cortava as linhas de marcação do Real. As substituições de Simeone não deram certo, Griezmann não encostou na bola. Navas não precisou se preocupar nem com chuveirinhos. Modric e Kroos, perfeitos, roubavam e logo acionavam os homens de frente. Foi um banho.

Mesmo sem pressionar, o Atlético cedeu inúmeros contra ataques a um Real Madrid que adora jogar assim. Zidane leu bem o jogo e, no meio do segundo tempo, colocou os rápidos Asensio e Lucas Vázquez no lugar de Isco e Benzema.

Haveria chances. E desta vez não tinha Neuer para operar milagres. Cristiano Ronaldo botou todas para dentro.

Zidane, conservador em substituições, tem um mérito claro na temporada. Usou o time reserva em cinco jogos fora de casa no Campeonato Espanhol. Os caras jogaram bem e trouxeram os pontos para casa. Não caiu na pressão da imprensa e manteve seus titulares para os jogos principais. Consequência: o time está voando fisicamente na reta final da temporada.

O Atlético saiu do Bernabéu humilhado. Depois de ter merecido o título em 2014, ter levado para os pênaltis em 2016 (sofrendo gol irregular, diga-se), o Atlético sai de campo com a sensação que era fortíssima antes da era Simeone, aquela que havia ficado para trás e agora volta com toda força.

A sensação do "nunca seremos".

 

 

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.