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Julio Gomes

E, no fim, o Bayern conseguiu menos com Ancelotti que com Guardiola

Julio Gomes

26/04/2017 17h51

A Bundesliga cresce, cresce, cresce. É a segunda liga doméstica mais valiosa do mundo, já passou há um tempo a espanhola de Real Madrid e Barcelona. É a liga dos ingressos baratos, estádios lotados, clubes ricos, saudáveis financeiramente, com bases sólidas e que não podem ser vendidos para russos ou príncipes árabes.

Ainda assim, falta algo. O equilíbrio que marca praticamente todos os jogos e que faz com que as posições na tabela sejam tão brigadas (literalmente qualquer um pode ir para a Champions, qualquer um pode cair) não atinge o Bayern de Munique.

É tudo muito disputado. Menos o título.

Mas o mata-mata é algo muito especial. E se nos pontos corridos o poderio financeiro e a camisa do Bayern fazem toda a diferença, em jogos eliminatórios a história é outra. O Bayern completou nesta quarta-feira cinco jogos sem vencer e, depois da eliminação para o Real Madrid, caiu em casa para o Borussia Dortmund, na Copa da Alemanha.

Como a maioria das pessoas olha só para o resultado, não para desempenho e como ele é atingido, acostumou-se a achar que bastava ao Bayern de Munique entrar em campo para ganhar jogos. Mas não é moleza jogar na Alemanha.

Depois do bicampeonato do Borussia Dortmund, em 2011 e 2012, o Bayern tirou alguns dos melhores jogadores do próprio Dortmund. Ganhou as últimas quatro Bundesligas, as últimas três com Pep Guardiola e com direito a recordes.

Guardiola ganhou também duas Copas da Alemanha, mas parou três vezes seguidas nas semifinais da Liga dos Campeões. A última delas, no ano passado, de forma dramática diante do Atlético de Madri, com pênalti perdido por Muller na hora H.

Convencionou-se, então, dizer que Guardiola não fizera nada mais que a obrigação. O Bayern havia conseguido nove "dobletes" na história. Com o catalão, ganhou dois em três anos.

Chegou Carlo Ancelotti, o homem que entende muito de futebol e de gestão de egos. Um técnico que os jogadores adoram. Que nunca foi midiático como Mourinho, criativo como Guardiola, mas que ganhou Champions com o Milan e com o Real Madrid, foi campeão também no PSG e no Chelsea. Um treinador especialista em pegar bons times, não estressar jogadores e caminhar junto com eles para os títulos.

Eu era um dos que acreditavam que o Bayern de Munique seria campeão europeu neste ano. Pelo técnico e pelo elenco que tem.

Mas o Bayern caiu diante do Real Madrid e perdeu em casa o jogo único contra o Borussia Dortmund por 3 a 2, sendo eliminado nas semifinais da Copa da Alemanha. O Bayern vencia por 2 a 1, levou a virada no segundo tempo.

O Borussia Dortmund, também eliminado nas quartas de final da Champions, não conseguiu fazer frente ao Bayern na atual Bundesliga – ainda que tenha vencido o clássico do turno, em Dortmund. Mas chega à quarta final consecutiva na Copa da Alemanha e é favorito contra o Eintracht Frankfurt.

O primeiro ano de Ancelotti terá título alemão. Sem doblete, sem chegar entre os quatro da Europa, sem os recordes de Guardiola.

No fim das contas, fácil mesmo é achar que tudo é fácil no futebol.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.