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Julio Gomes

Barcelona não mostra bola para novo milagre na Champions

Julio Gomes

11/04/2017 18h32

E lá vai o Barcelona atrás de um novo milagre. Depois dos 4 a 0 sofridos em Paris e a surreal reviravolta com os 6 a 1 no Camp Nou, agora o time de Messi, Neymar e Suárez precisará reverter um 3 a 0 sofrido em Turim, diante da Juventus.

Três semanas se passaram entre as goleadas sofrida e imposta nas oitavas de final. Tempo suficiente para fazer time, torcida e o mundo inteiro, até o adversário, se convencerem de que "se há um time capaz de virar essa eliminatória é o Barcelona".

Agora, só uma semana separa a ida da volta nas quartas de final da Liga dos Campeões. Será tempo suficiente para convencer que um milagre é possível, de novo, só que contra a Juventus?

Não precisamos de muitos minutos para pensar logo em outra frase pronta: "Uma coisa é reverter contra o PSG, outra história é a Juventus".

E a frase é muito verdadeira. O PSG é um time que gosta de jogar com a bola, dominar o adversário, tem problemas sérios para jogar se defendendo. Já a Juventus sente-se muito confortável defendendo e o faz como poucos times no mundo. Domina espaços, fecha, se tranca e adora decidir jogos com poucas bolas.

Além de tudo, tem uma camisa pesada o suficiente para não ser destruída pela arbitragem, como foi o PSG em Barcelona. Nem interessa à Uefa outro escândalo.

Somando a atual temporada e a passada, a Juventus fez 97 jogos oficiais. Em nenhum destes 97 jogos sofreu uma derrota que seria capaz de eliminá-la no Camp Nou no tempo normal. Levou um 3 a 0 da Inter de Milão em fevereiro do ano passado, pela semifinal da Copa da Itália – havia vencido por 3 a 0 na ida e avançou nos pênaltis.

A Juventus parece um time pronto para o próximo passo na Europa. Atropela qualquer um em seu estádio (são 48 jogos de invencibilidade), tem um sistema defensivo sólido, jogadores que atuam juntos há muito tempo, e criou uma equipe consistente, criativa e goleadora na frente.

Gente como Buffon, Chiellini e Bonucci tem malícia suficiente para não deixar o time assistir ao Barça, como o Paris fez.

Já o Barcelona segue com seus problemas de fluxo de jogo. A saída de Daniel Alves foi muito mais sentida do que se pensava e, quando finalmente Luís Enrique achou uma alternativa, perdeu Rafinha por lesão.

Em Turim, voltou ao 4-3-3 e sofreu dois gols. Teve posse de bola, mas não criou nem finalizou na etapa inicial – só teve uma jogada de perigo, grande defesa de Buffon no um contra um diante de Iniesta. Luís Enrique mexeu e voltou ao 3-3-Messi-3 no segundo tempo, com Rakitic aberto pela direita. O time até pressionou e poderia ter feito um gol no segundo tempo, mas a vaca já tinha ido para o brejo.

Neymar sumiu na marcação, Suárez voltou a perder uma grande chance (já havia feito um jogo ruim em Málaga) e Messi voltou a ser uma andorinha que não faz verão. É um time com sérios problemas defensivos e de criação contra times bem postados.

Justa vitória da Juventus. E um milagre muito mais difícil de ser alcançado pelo Barcelona.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.