Pedra no sapato, Atlético é barreira para o Real voltar a ganhar a Liga
Muitos se espantam e demoram para assimilar esta informação: o Real Madrid ganhou somente uma das últimas oito ligas espanholas.
Precisaríamos voltar à década de 40, no período pós-Guerra Civil espanhola, para encontrar uma seca de títulos domésticos comparável. É por isso que, apesar de o Real Madrid ser o rei da Europa, com 11 títulos máximos continentais, e amar de paixão a Champions League, nesta temporada especificamente muitos considerem mais importante ganhar a Liga.
Para isso, o time de Zidane chega neste fim de semana a um duelo crucial: o dérbi contra o Atlético de Madri (sábado, 11h15 de Brasília). O dérbi eram favas contadas quando Zidane jogava pelo Real. Mas as coisas mudaram um pouquinho depois da chegada de um certo argentino.
O Real tem 71 pontos na tabela, 2 a mais que o Barcelona e com um jogo a menos. Ou seja, está no comando. Mas um tropeço no dérbi deixaria o time sem margem de erros antes do superclássico do dia 23, contra o Barça, em Madri.
O Barcelona vive seu melhor momento na temporada após a virada sobre o PSG e com o crescimento fenomenal de Neymar em março. O Atlético de Madri também vive seu melhor momento na temporada, com cinco vitórias consecutivas no campeonato e o reencontro com a solidez defensiva que marca o time desde a chegada de Simeone, no fim de 2011.
Já o Real Madrid, apesar de também vir de cinco vitórias seguidas e de ter feito gols nos últimos 51 jogos oficiais que realizou, ainda deixa dúvidas. Sofre muitos gols (só deixou de ser vazado em 3 dos últimos 20 jogos) e depende demais da bola cruzada na área para conseguir vitórias na marra. Chega uma hora em que ímpeto e confiança não são suficientes para compensar a falta de volume de jogo, de criação, de alternativas ofensivas.
Zidane, campeão europeu, foi inteligente ao apostar no arroz com feijão. Foi depois da derrota no dérbi para o Atlético, no Bernabéu, em fevereiro de 2016, que ele voltou a colocar Casemiro no time. O problema é que muito arroz com feijão enjoa. E o francês vai cada vez mais dando argumentos aos que desconfiam de sua capacidade de mudar jogos e criar alternativas táticas.
Do outro lado, está "El Cholo" Simeone. Muito já se falou disso, mas é impossível deixar de lembrar. Há um antes e depois de Simeone na história recente dos dérbis madrilenhos.
No início do século, o Atlético vivia o fundo do poço, amargurou dois anos da segunda divisão. Voltou à elite na temporada 2002/2003 e, se fizermos o recorte aqui, veja que dado interessante encontramos.
Nos 21 dérbis após a volta do Atlético, o Real Madrid ganhou 16 e empatou 5 – por todas as competições. Eram sete vitórias consecutivas do Real quando Simeone chegou ao banco do Atlético. Desde então, foram disputados outros 21 dérbis por todas as competições: 7 vitórias do Atlético, 8 do Real e 6 empates.
O aproveitamento de pontos do Atlético nos dérbis subiu de 8% a 43% com Simeone. Alguma coisa, não é mesmo?
É claro que a memória recente das duas finais de Champions League vão nos remeter à imagem dos jogadores do Real Madrid com a "orelhuda" em mãos. Mas o fato é que o Atlético passou a jogar os dérbis de igual para igual, passou a ser uma pedra no sapato do primo rico da cidade.
O Atlético passou a ser um time com escalação conhecida por qualquer pessoa mais atenta. Tem uma espinha dorsal formada por jogadores que não pretendem "subir um degrau", trocando o Atlético por um clube maior na Europa. Jogadores, muitos deles, campeões da Espanha três anos atrás, finalistas de Champions, que sentem a camisa do clube e que se sentem capazes de tudo. Confiam cegamente no treinador e realizam todas (e mais algumas) tarefas requisitadas.
Juanfran, Godín, Gabi e Koke jogaram, juntos, em 18 dos 21 dérbis sob Simeone. Filipe Luís compôs a linha defensiva em 9 destes 18 jogos (passou uma temporada fora). Atrás, o time é o mesmo há anos. Tem um goleiraço, Oblak, e muita sincronia defensiva. Entrosamento a toda prova.
Na frente, sim, o time foi mudando. Para melhor. Ganhou qualidade, acrescentou jogadores técnicos como Carrasco e Griezmann. No meio, apareceu o ótimo Saúl. Na frente, o resgate de Torres, a chegada de Gameiro. É um Atlético que já há tempos não vive só de se defender, como gostam de falar os críticos de Simeone. Um time sem medo algum de ter a bola, que se adapta e joga o jogo de várias formas diferentes ao longo de 90 minutos.
Simeone comandou o Atlético nove vezes no Bernabéu, ganhou quatro e perdeu três. Os colchoneros ganharam no estádio rival nos últimos três campeonatos, coisa que clube algum havia conseguido na história do futebol espanhol.
O Real Madrid sabe que ganhar a Liga passa por quebrar essa pequena escrita e ganhar o dérbi.
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