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Julio Gomes

PSG massacra com receita que o próprio Barça ensinou

Julio Gomes

14/02/2017 19h36

Lembra do Barcelona de seis, sete anos atrás? Aquele time mudou o futebol. Mostrou que marcação pressão, controle do jogo através da posse de bola, criação de maiorias, talento ganhando mais peso que o físico… mostrou que essas coisas funcionam. A receita dependia, claro, de jogadores para colocarem em prática. Ao longo dos anos, mais e mais clubes e seleções passaram a jogar desta forma. Com variáveis, claro. Mas com os mesmos conceitos.

O Paris-Saint Germain colocou a receita em prática com perfeição nesta terça-feira. Meteu 4 a 0 no Barcelona, com direito a chocolate, e ficou virtualmente classificado para as quartas de final da Uefa Champions League.

O terceiro gol é emblemático. Bola que sai do campo de defesa, passa de pé em pé diante de um Barça atônito. Até o belo chute de Di María. A receita ensinada ao mundo pelo próprio Barça.

Foi um banho. Verrati, o Iniestinha do PSG, fez o que o Iniesta de verdade sempre fez. Desarmou, armou, brilhou. Draxler e Di María destruíram a defesa do Barcelona pelos lados do campo, além de ajudarem na recomposição defensiva. A marcação avançada matou a saída de bola do Barça. Foi um jogo perfeito.

Ao longo da temporada inteira, o Barcelona sofreu com a transição de jogo. É um time que sente falta de Daniel Alves, de Rakitic (sumiu), de Iniesta (lesões). As individualidades (Messi, Suárez e Neymar são craques) resolveram muitas partidas. Não resolveram em Paris.

Não resolveram porque, com Unai Emery (um técnico de verdade, coisa que Blanc, talvez, não fosse), o PSG ganhou consistência defensiva. E ganhou sangue nos olhos.

Foi um time, ao longo dos 90 minutos, com aquela fome que não tinha nos últimos anos, na hora H da Champions League.

Emery jogara 23 vezes contra o Barcelona na carreira. Havia perdido 16 vezes, ganhado apenas uma. Mas essa freguesia quer dizer pouco. Emery sempre teve nas mãos times piores do que o que tem hoje. Essa freguesia se traduziu em experiência. E o treinador soube exatamente como neutralizar Suárez e Messi (o argentino havia feito 25 gols em 21 jogos contra os times de Emery).

O PSG ganhou todas as divididas, todas as bolas, todas as disputas individuais.

E os gols não demoraram a sair. Di María e Draxler no primeiro tempo, Di María e Cavani no segundo. O argentino, que começou tão mal a temporada, ganhou um chá de banco desde o começo do ano. Reagiu, mostrou incômodo, foi titular no jogo que mais importava. E mostrou por que é um dos grandes jogadores do futebol europeu.

 

A eliminatória está praticamente decidida. Nunca um time reverteu um 4 a 0 sofrido na ida na história da Champions.

O Barcelona vai precisar repensar, especialmente, o modo como tenta fazer a bola chegar aos seus atacantes. Precisa de alternativas melhores. O PSG torna-se um automático candidato ao título. A próxima barreira é, afinal, passar das quartas de final, coisa que não conseguiu nas últimas quatro temporadas.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.