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Julio Gomes

Que felizes somos por termos visto Roger Federer

Julio Gomes

29/01/2017 10h43

Roger Federer e Rafael Nadal fizeram neste domingo uma espécie de final "fora do tempo". Na era de domínio de Djokovic e Murray, os dois veteranos voltaram a se encontrar em uma final.

Foi a nona decisão de Grand Slam entre Federer e Nadal – um recorde. E Federer conseguiu, afinal, derrotar seu grande algoz. Foram 3 sets a 2, com direito a uma virada de 1-3 para 6-3 no quinto e decisivo set.

10 em cada 10 especialistas do planeta consideram Roger Federer o maior tenista da história. Desde que ele não seja espanhol! hehe

E o espanhol que dirá que Nadal foi melhor tem alguns numerinhos interessantes em mãos. Nadal ganhou 23 dos 35 jogos entre eles. 14 das 22 finais (6 de 9 em decisões de Grand Slams). Massacrou no saibro (13 de 15, sendo 5 em Roland Garros). Ganhou final de Wimbledon em cima do suíco em 2008, onde supostamente Federer deveria exercer o mesmo domínio que Rafa no saibro. Havia vencido os três duelos na Austrália, antes da final de hoje.

Como o melhor da história pode ter sido freguês de alguém?

De alguma forma, todos que jogam ou jogaram tênis sabem por que Federer é o maior. Porque tem todos os golpes, porque eles saem naturalmente (como neste backhand aí da foto), porque é plástico, porque ganhou mais do que qualquer um. Porque sempre teve uma atitude fantástica dentro e fora da quadra.

"O tênis é um esporte duro, não há empates. Mas hoje eu ficaria feliz em aceitar um empate e que os dois levássemos o título".

Foi o que disse Federer a Nadal ao final da partida, ainda na quadra. E é genuíno. É fácil ver nos olhos dele que é genuíno. E isso, além do forehand, do backhand ou do saque ou do troféu, é o que faz de Federer um exemplo. O maior.

E um tal Rafael Nadal foi fundamental para fazer dele melhor ainda. Para ensinar a todos, não só a Federer, mas a todos, que nunca podemos desistir. De nenhuma bola, de nenhum ponto, de nenhum jogo, em nenhum momento.

O último game da final deste domingo na Austrália foi emblemático. Nadal perdeu quatro games seguidos e viu o jogo escorregar. Federer tinha todo o momento e o saque para finalizar o campeonato. Mas o espanhol simplesmente se recusa a perder. Lutou, teve três break points, teve a chance de virar tudo novamente. Até que sucumbiu.

Como é difícil ganhar um ponto de Nadal! E como é difícil torcer contra um sujeito como Federer.

São 7 Wimbledons, 5 US Opens, 5 Australian Opens, 1 Copa Davis, um ouro olímpico em duplas, uma prata em simples. E, de quebra, um Roland Garros – em plena "era Nadal", indiscutivelmente o jogador mais dominante da história do saibro.

Os números falam por si. Mas a atitude fala ainda mais. Que sorte tivemos todos nós de ver Roger Federer.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.