Clássico com Barça tão atrás do Real? É preciso voltar 12 anos no tempo
Para o Barcelona, o clássico deste sábado contra o Real Madrid é uma espécie de final antecipada na Liga espanhola. Ou ganha o jogo ou o título começa a virar missão quase impossível.
Sim, todo clássico Barça-Madrid é encarado como uma final. Sim, ainda estamos em dezembro. Mas o fato é que os seis pontos que o Real tem de vantagem na tabela geram este ambiente de "ou ganha ou adiós, Barça". E um cenário como este é raridade no superclássico, pelo menos desde 2004, início dos melhores anos da história do clube catalão.
Com 13 rodadas no Campeonato Espanhol, o Real Madrid soma 33 pontos, contra 27 de Barça e Sevilla, 24 do Atlético de Madri. Se vencer no Camp Nou, abrirá nove pontos para o maior rival e é importante lembrar que jogará, logicamente, a partida do segundo turno em Madri. Nem o empate serve para o Barça. É vencer ou vencer para acalmar as coisas e se recolocar na briga pelo campeonato.
É preciso voltar 12 anos no tempo para encontrarmos um Barcelona em situação (delicada) parecida antes de um clássico.
Em abril de 2004, no fim do primeiro ano da "era Ronaldinho", o Barça ganhou no Santiago Bernabéu por 2 a 1, com um gol de Xavi no finalzinho. Faltavam cinco rodadas para o fim do campeonato, e o Barça estava sete pontos atrás dos líderes Real e Valencia. Se não vencesse, estaria fora da briga pelo título. Venceu e cortou para quatro a desvantagem na tabela. O Barça acabaria passando o Real nas rodadas finais, mas o título ficaria com o Valencia.
De todas as maneiras, o Barça fizera um primeiro turno tenebroso naquele campeonato e ficar sem a conquista não havia sido exatamente um fracasso. Não era um Barça "contra a parede", como neste sábado. Era um time em construção, que seria bicampeão nos anos seguintes e voltaria a brilhar na Europa.
Desde aquele jogo, em 2004, foram realizados 24 superclássicos válidos pela Liga espanhola. Em 16 ocasiões (dois terços dos jogos), o Barça chegou à partida com mais pontos no campeonato do que o Real Madrid.
A maior vantagem que o Real detinha nestes anos todos era a de 2008. Já campeão, o Real tinha 14 pontos de diferença – o jogo (que acabou 4 a 1 para o time de Madri) não tinha importância para o campeonato e ficou marcado pelo "pasillo", o corredor feito pelos jogadores do Barça para aplaudir o time campeão nacional, uma tradição na Espanha. Portanto, não era um Barça pressionado pela vitória, era um Barça já derrotado e humilhado no campeonato. Humilhação que gerou a aposta em um certo Guardiola e a dispensa de Ronaldinho. Começava de vez a "era Messi".
Em outras duas ocasiões nestes anos todos, o Barça chegou ao clássico contra a parede. Mas a desvantagem era de quatro pontos, não de seis, como ocorre no momento.
Em março de 2014, o Barça chegou ao Bernabéu quatro pontos atrás e venceu por 4 a 3, mantendo-se na briga. O técnico era o argentino Tata Martino. Depois daquela rodada, o Barça foi a 69 pontos, um a menos que Real e Atlético – que acabaria sendo campeão naquela temporada.
Já dois anos antes, em abril de 2012, o Barça recebeu o rival no Camp Nou precisando ganhar, com quatro pontos a menos e cinco rodadas para o fim. Perdeu por 2 a 1, no jogo em que Cristiano Ronaldo marcou e pediu "calma" para o estádio, em um gesto no estilo "baixem a bolinha". O Real abriu sete pontos e ganhou, logo depois, seu único título da Liga com Mourinho. Por sinal, o único título nacional do gigante de Madri em oito temporadas.
O fato é que desde a era Ronaldinho, passando depois por Messi-Xavi-Iniesta, Guardiola e, agora, com o trio Messi-Suárez-Neymar, o Barcelona muito mais ganhou do que perdeu contra o Real Madrid.
Desde 2004, foram muitos clássicos com o Real contra a parede. Poucos, como já vimos, com o Barça desesperado pelo resultado. Ainda mais tão cedo na temporada.
Nos últimos dez jogos no Camp Nou pelo Campeonato Espanhol, incluindo a temporada passada, o Barça ganhou cinco, empatou dois e perdeu três. Um desempenho ruim, o estádio não tem sido mais uma fortaleza. Somando todas as competições na atual temporada, são apenas duas vitórias nos últimos seis jogos, uma minicrise.
Pelo menos volta ao time Iniesta e o sistema defensivo se recompõe com Piqué, Umtiti e Alba.
Já o Real Madrid joga sem Casemiro, Kroos e Bale, desfalques importantes para o time de Zidane. Apesar de tantas baixas desde o início da temporada, o clube branco ganhou 10 de seus últimos 11 jogos, marcando 43 gols (quase 4 por jogo) no período. A sangria defensiva foi estancada, com três gols sofridos nos últimos cinco jogos. Casemiro, após dois meses, voltou no meio de semana pela Copa do Rei e pode até ser uma novidade neste sábado.
Em sites que orientam apostadores e analisam as probabilidades dos esportes mundo afora, como o Oddshark, o Barcelona é considerado favorito (1,85 para 1). O Real Madrid (4 para 1), no entanto, está invicto na Liga e tem jogado melhor no campeonato local do que na Champions. Façam suas apostas.
Curiosidades do superclássico:
– Último empate pela Liga foi em 7/10/12. Desde então, quatro vitórias do Barça e três do Real.
– Nos últimos 10 anos de campeonato (20 jogos), foram apenas três empates. Somando todas as competições, foram 8 empates em 38 jogos (período de 13 anos). Empatam pouco!
– Também nestes últimos 13 anos, neste mesmo período, o mandante ganhou 14 clássicos, o visitante ganhou outros 14. Fator casa??
– Nos últimos 20 jogos entre eles, só um destes jogos teve um dos times sem marcar gols. O último 0 a 0 foi em novembro de 2002, há 14 anos. Zidane ainda jogava.
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