Topo

Julio Gomes

Tirar final sul-americana de Chapecó é um crime

Julio Gomes

24/11/2016 00h27

Já aconteceu várias vezes. Seguirá acontecendo. E seguirá me indignando. Depois da linda e heróica campanha, a Chapecoense será obrigada a jogar fora de seu estádio, de sua cidade, de seu Estado, a grande final da Copa Sul-Americana.

Isso porque a Arena Condá não tem a capacidade mínima, para 40 mil torcedores. Nenhum estádio em Santa Catarina tem.

Nunca entendi a exigência da Conmebol, que já fez, por exemplo, o Atlético Paranaense ter de mandar a final da Libertadores contra o São Paulo no Beira-Rio. Oras, ou um estádio serve para receber a competição ou não serve. Por que somente na final?

O que importa é um estádio ter conforto, segurança e condições de trabalho.

Se o mandante de uma final tem estádio pequeno, o azar é dele. Deixará de faturar.

Mas onde está a justiça esportiva? E, neste caso específico, a justiça com toda uma cidade? Chapecó respira os anos inesquecíveis da Chapecoense e, na hora do filet mignon, verá tudo pela TV.

O que é melhor para o espetáculo? Um lindo ambiente com 15 mil pessoas nas arquibancadas ou um estádio grande e vazio, sem graça, sem alma?

É de uma falta de sensibilidade atroz.

Muitos criticam os clubes por "assinarem o regulamento". O que teria de fazer a Chapecoense? "Olha, Conmebol, não vou jogar essa Sul-Americana não, por causa desse item do regulamento aqui sobre as finais, viu". A Conmebol daria risada, do alto de sua arrogância.

Clubes são reféns de uma instituição podre.

É por essas e outras que nunca seremos.

E só nos resta torcer para que a Chapecoense seja. Mesmo criminosamente levada para longe de sua casa.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.